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MS tem 55 mil desocupados mesmo com grande oferta de vagas e baixa taxa de desemprego

Dados foram apresentados pelo secretário de Estado Jaime Verruck.
Foto: divulgação
Dados foram apresentados pelo secretário de Estado Jaime Verruck. Foto: divulgação

Mesmo apresentando a 5ª menor taxa de desocupação do Brasil, com índice de 3,7%, Mato Grosso do Sul ainda convive com uma contradição preocupante: cerca de 55 mil pessoas estão desocupadas no Estado, muitas delas em situação de vulnerabilidade social e beneficiárias do Bolsa Família. Esse cenário foi apresentado nesta semana, durante o lançamento da plataforma “MS Qualifica Digital”, ferramenta criada pelo Governo do Estado para integrar qualificação profissional e empregabilidade.

Os dados revelam que, apesar de um ambiente favorável à geração de empregos e um mercado aquecido, há um descompasso entre a oferta de vagas e a qualificação dos trabalhadores disponíveis. “Temos um índice positivo, acima da média nacional, mas ainda temos um contingente relevante de famílias que dependem do Bolsa Família e que não conseguem acessar o emprego formal”, alertou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.

A preocupação com a informalidade e a baixa qualificação foi uma das motivações para o desenvolvimento da nova plataforma. Gratuita e totalmente digital, a “MS Qualifica Digital” tem como objetivo conectar empresas, trabalhadores e instituições de ensino, facilitando tanto a capacitação quanto o preenchimento de vagas em aberto. O serviço já está disponível no site msqualifica.ms.gov.br e no aplicativo MS Digital, para Android e iOS.

Segundo Verruck, um dos grandes desafios do Estado é adequar os perfis profissionais à demanda real do setor produtivo. Exemplo disso foram os programas “Voucher Transportador” e “Voucher Desenvolvedor”, citados como casos de sucesso. O primeiro solucionou a falta de motoristas com carteira tipo E — eram mais de 600 caminhões parados por falta de condutores habilitados — e o segundo supriu a carência de programadores no setor de tecnologia.

“O Estado passou a entender as necessidades de cada setor e criou programas de qualificação sob medida. Isso mudou a lógica da capacitação: em vez de cursos genéricos, agora trabalhamos para atender o que as empresas realmente precisam”, reforçou a diretora-presidente da Funtrab, Marina Dobashi.

Apesar dos avanços, os números apresentados evidenciam o potencial de crescimento. Mato Grosso do Sul tem 2,86 milhões de habitantes, sendo 2,25 milhões em idade de trabalhar. Desses, 1,47 milhão estão na força de trabalho e 96% já estão ocupados — um indicador superior à média nacional. No entanto, 137 mil pessoas estão subutilizadas, ou seja, têm capacidade de trabalhar, mas não conseguem se encaixar nas vagas disponíveis.

Outro dado que chama a atenção é o crescimento da renda média no Estado, hoje em R$ 3.504, acima da média brasileira de R$ 3.346. Isso se deve, principalmente, à força do setor industrial e ao avanço da bioenergia e da silvicultura, que impulsionam os salários e a geração de empregos formais.

Ainda assim, a falta de qualificação continua sendo apontada como o principal obstáculo para reduzir ainda mais a desocupação. Em recente levantamento feito pelo Sebrae em áreas comerciais do Estado, os empresários destacaram como maiores dificuldades a escassez de mão de obra e a baixa qualificação dos candidatos.
“A gente vê que existem vagas sobrando, mas muitas vezes as pessoas não conseguem preenchê-las. Seja por falta de curso técnico, experiência, ou mesmo por medo de perder o benefício social ao entrar em um emprego formal. É uma realidade que queremos mudar com essa plataforma”, afirmou o governador Eduardo Riedel.

O MS Qualifica Digital foi desenvolvido dentro da estratégia estadual de promover prosperidade, inclusão e digitalização. A plataforma oferece acesso seguro via conta gov.br e reúne cursos gratuitos de instituições como Senai, Sesc, Fecomércio e Funtrab. Além disso, permite que empresas publiquem vagas e encontrem profissionais qualificados, e que os trabalhadores escolham cursos alinhados com as oportunidades reais do mercado.

“Queremos dar dignidade e renda para as pessoas, mas com emprego formal, com carteira assinada e estabilidade. Esse é o caminho que estamos trilhando em Mato Grosso do Sul”, finalizou o governador.