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Censo

Três Lagoas tem 6,9 mil pessoas com deficiência

O estado soma mais de 19 mil estudantes com deficiência, representando 2,94% do total de estudantes com 6 anos ou mais

Deficientes fazem fisioterapia no Centro de Reabilitação - Reprodução / Arquivo JPNews
Deficientes fazem fisioterapia no Centro de Reabilitação - Reprodução / Arquivo JPNews

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que Três Lagoas possui 6.169 pessoas com algum grau de deficiência, o que corresponde a 4,8% da população local com 2 anos ou mais de idade. O levantamento, parte do Censo Demográfico 2022, aponta ainda que há diferenças significativas entre os sexos: entre os homens, a taxa é de 4,3%, com 2.680 registros, enquanto entre as mulheres o percentual sobe para 5,3%, totalizando 3.489 pessoas.

No recorte racial, pessoas que se autodeclaram pretas apresentam a maior proporção de deficiência em Três Lagoas, com 5,5%, seguidas pelas amarelas (5,2%) e pardas (4,7%). O grupo de pessoas brancas apresenta taxa de 4,7% e, entre indígenas, o índice é de 4,6%.

Panorama estadual

Em Mato Grosso do Sul, o Censo contabilizou 174.859 pessoas com algum tipo de deficiência, o equivalente a 6,5% da população com 2 anos ou mais. O estado ocupa a 21ª posição no ranking nacional de prevalência, situando-se entre as menores taxas do país. O município sul-mato-grossense com maior percentual foi Paranaíba, onde 11,4% da população relataram alguma deficiência.

Assim como em Três Lagoas, a tendência estadual revela maior prevalência entre mulheres: das mais de 174 mil pessoas com deficiência, cerca de 97 mil são mulheres (55,8%) e 77 mil são homens (44,2%). A maior disparidade entre os sexos foi registrada em municípios como Sonora, Naviraí e Aparecida do Taboado.

Fatores

A presença de deficiência cresce com a idade. Entre a população com deficiência no estado, um terço (33,1%) está na faixa de 60 a 79 anos, e 11,9% têm 80 anos ou mais. Já na população sem deficiência, os percentuais nestas faixas são significativamente menores.

Na análise por cor ou raça, a maior proporção de pessoas com deficiência em Mato Grosso do Sul ocorre entre aqueles que se autodeclaram pretos (8,2%). Entre as mulheres indígenas com 65 anos ou mais, a taxa chega a 30%, enquanto entre os homens indígenas da mesma faixa etária é de 20,7%.

Dificuldades

O grau de dificuldade mais comum no estado é o de enxergar, mesmo com o uso de óculos ou lentes, atingindo mais de 96 mil pessoas. Em seguida aparecem as dificuldades de mobilidade — andar ou subir degraus — que afetam 62 mil indivíduos, e limitações relacionadas à destreza manual, como manipular pequenos objetos, que acometem 33 mil pessoas.

Outras dificuldades recorrentes incluem limitações auditivas (30 mil pessoas) e cognitivas, que impactam na comunicação e em atividades cotidianas, com mais de 32 mil registros.

Educação

O estado soma mais de 19 mil estudantes com deficiência, representando 2,94% do total de estudantes com 6 anos ou mais. Em Três Lagoas, embora o recorte específico não tenha sido detalhado, a tendência segue a do estado: mulheres com deficiência são maioria no meio escolar.

O Censo também revelou que a taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência em Mato Grosso do Sul é de 19%, mais de quatro vezes a registrada entre pessoas sem deficiência (4,1%). Ao todo, são mais de 31 mil pessoas com deficiência e analfabetas no estado. Embora o índice seja menor do que o verificado em estados como Piauí (38,8%) e Alagoas (36,8%), Mato Grosso do Sul está distante da meta de erradicação do analfabetismo prevista no Plano Nacional de Educação (PNE).

Entre as pessoas pretas com deficiência, a taxa de analfabetismo atinge 28,5%. Já entre indígenas com deficiência, o índice é ainda mais elevado: 35,9%.

Desafios

Os dados do IBGE evidenciam a necessidade de políticas públicas específicas para garantir inclusão social e educacional das pessoas com deficiência, tanto em Mato Grosso do Sul como em Três Lagoas. O levantamento destaca que, embora haja avanços, ainda persistem desigualdades significativas, especialmente em relação ao acesso à educação e à superação de barreiras funcionais que afetam a qualidade de vida dessa população.