
O termo “supergripe” voltou a chamar atenção nas redes sociais nos últimos meses, gerando questionamentos sobre o risco de uma nova influenza mais agressiva no Brasil e, especialmente, em Mato Grosso do Sul. A preocupação ganhou força após o aumento de hospitalizações por influenza na Europa, nos Estados Unidos e em algumas regiões da Ásia.
Em dezembro de 2025, o Ministério da Saúde confirmou a detecção, no Brasil, do subclado K do vírus Influenza A (H3N2). A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES) não informou se houve, até meados de dezembro, sinais de circulação da variante. “Até agora, não registramos casos da chamada ‘supergripe’. Monitoramos de perto, mas a população não precisa se alarmar”, destacou a imunologista Patrícia Matos.
A especialista explicou que o termo “gripe K” não se refere a um novo subtipo viral, mas sim a surtos recentes provocados principalmente pelo H3N2 e, em menor escala, pelo H1N1. “Não há evidências de que a gripe K cause sintomas diferentes ou mais graves do que a gripe sazonal. O que mudou foi apenas o comportamento epidemiológico, ou seja, houve aumento de casos em algumas regiões, mas os sintomas permanecem os mesmos: febre, calafrios, tosse, dores musculares, fadiga, coriza, dor de cabeça e, em alguns casos, náusea e vômitos”, detalhou.
Segundo Patrícia, o aumento de casos de Influenza A associado à chamada “gripe K” foi mais destacado na Coreia do Sul, Japão, China e em alguns países do Sudeste Asiático. No Brasil, o alerta reforça a necessidade de manter medidas preventivas. “As vacinas atuais continuam sendo recomendadas e oferecem proteção contra essa variante, já que não se trata de um novo subtipo viral, mas de subtipos já conhecidos”, explicou a infectologista.
Mato Grosso do Sul, que segue padrões de circulação de vírus do hemisfério norte, apresenta atualmente um cenário controlado. O estado liderou o ranking nacional de vacinação em 2025, com mais de 2,5 milhões de doses aplicadas, utilizando a vacina trivalente do SUS, que protege contra H1N1 e H3N2. A Anvisa já definiu a composição das vacinas para 2026, incluindo cepas semelhantes a A/Victoria/4897/2022 (H1N1) pdm09 e A/Croatia/10136RV/2023 (H3N2).
“A vacinação, combinada com medidas de higiene, isolamento de sintomáticos, vigilância epidemiológica e campanhas de conscientização, continuam sendo a estratégia mais eficaz para conter a disseminação do vírus”, acrescentou a médica Patrícia Matos.
A especialista reforça que o maior risco ainda recai sobre crianças pequenas, idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas. “Manter a caderneta vacinal em dia e buscar atendimento médico diante de sintomas persistentes ou agravantes é fundamental”, concluiu.
Procurada, a Secretaria de Saúde de Três Lagoas informou que não houve registros da doença na cidade.