
O mercado da soja entra na reta final de 2025 com uma configuração diferente da observada no ano passado, especialmente no que diz respeito ao comportamento das indústrias e ao impacto dos estoques de passagem. A análise apresentada por Ronaldo Fernandes, da Royal Rural, destacou que os prêmios de compra no mercado interno tendem a se manter menos agressivos neste ciclo, devido ao volume maior de soja disponível.
Segundo ele, a expectativa inicial era de que o Brasil processaria cerca de 58 milhões de toneladas em 2025. No entanto, os dados mais recentes indicam queda no ritmo de esmagamento, contrariando as projeções de aumento. De janeiro a setembro do ano passado, o país havia processado 41 milhões de toneladas; no mesmo período deste ano, esse número recuou para 39 milhões.
Mesmo com compra maior realizada pelas esmagadoras ao longo do ano, o volume adquirido não se converteu em processamento. Isso significa que as indústrias possuem mais soja armazenada do que realmente precisam. Como consequência, não há pressão para subir prêmios no curto prazo, ao contrário do que ocorreu em 2024.
Cenário Atual e Perspectivas para o Mercado da Soja
O estoque de passagem reforça esse cenário. Ronaldo lembrou que o Brasil deve encerrar 2025 com aproximadamente 5 milhões de toneladas de soja remanescente e iniciar 2026 com cerca de 11 milhões. Embora o teto produtivo estimado tenha sido revisado de 179 para 177 milhões de toneladas, o volume ainda é considerado elevado e mantém oferta confortável.
O comportamento climático também contribui para ajustes no mercado. Chuvas recentes atingiram áreas que enfrentavam estiagem prolongada, como parte do Mato Grosso e Goiás. Esse alívio reduz a percepção de risco e influencia o movimento das cotações. Com isso, os preços tendem a recuar de forma moderada até fevereiro, sem quedas bruscas.
Ronaldo destacou ainda que a movimentação dos produtores será determinante. Caso o agricultor retenha a oferta, as indústrias podem elevar momentaneamente os prêmios de compra para garantir o mínimo necessário ao funcionamento. No entanto, a tendência geral segue apontando para preços contidos, com recuo gradual até a proximidade da colheita.
Recomendações para Produtores e Expectativas Futuras
Com a entrada da nova safra e o aumento do fluxo logístico, a pressão deve se intensificar entre fevereiro e março, período tradicional de acomodação dos preços brasileiros e também de queda em Chicago. Para quem ainda possui soja remanescente, a recomendação é avaliar o momento e evitar a venda na boca da colheitadeira.