
De acordo com um relatório do IBGE sobre segurança alimentar, Mato Grosso do Sul avançou em segurança alimentar, com ações concretas de acesso a alimentos e compras da agricultura familiar. Entretanto, falta estrutura de governança. Não há plano municipal em nenhuma cidade e a maioria não possui lei específica. Em 2023, 72,2% dos municípios reportaram iniciativas para garantir alimentos à população, com foco em públicos vulneráveis.
Panorama do acesso
Entre os 57 municípios que realizaram ações, 94,7% declararam atender grupos específicos. Destacam-se usuários da rede socioassistencial (94,4%), povos indígenas (38,6%), população em situação de rua (36,8%), imigrantes (22,2%) e catadores (18,5%). O dado reforça a dimensão social da política e indica a priorização de segmentos com maior vulnerabilidade.
Infraestrutura pública
Foram mapeados 6 mercados públicos (Amambai, Aquidauana, Bela Vista, Campo Grande, Glória de Dourados e Sidrolândia). Também foram registradas 132 feiras livres em funcionamento em 58 municípios. Além disso, há 1 cozinha comunitária (Rochedo) e 4 bancos de alimentos (Campo Grande, Dourados, Ponta Porã e Santa Rita do Pardo). Além disso, foram declaradas 5 centrais de recebimento da agricultura familiar.
Compras públicas que abastecem a rede
Para levar alimentos às famílias e serviços públicos, 55,7% das prefeituras compraram produtos da agricultura familiar via PAA. A maior parte foi destinada à rede socioassistencial (Cras e Creas). Na alimentação escolar, 62 municípios (78,4%) adquiriram itens da agricultura familiar via PNAE. Esses dois canais vêm sustentando parte relevante do abastecimento institucional.
O que é regulado; e o que não é
Em 36,7% das cidades existe algum tipo de regulação do acesso e da comercialização de alimentos. Entre as medidas, sobressaem a regulação sanitária pró-alimentos regionais/em pequena escala (72,4% dos que regulam) e a regulação de cantinas escolares (31%). A publicidade de alimentos em equipamentos públicos ainda é menos frequente (17,2%).
Governança travada
Foi constatada inexistência de Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional em 100% dos municípios. Além disso, 83,5% das cidades informaram não ter lei específica (2023 e 2024). Conselhos ligados ao tema apareceram em 18 municípios, mas apenas 7 estavam ativos. Caisan municipal foi relatada por 6, com 2 ativas. Houve Conferência Municipal em 6 cidades nos últimos cinco anos. Contudo, nenhuma usou suas deliberações para elaborar plano. Em 2023, não havia recurso orçamentário municipal para apoiar o funcionamento dos conselhos.
Por que importa?
Segundo Vânia Maria Pacheco (IBGE), políticas eficazes devem assegurar não só disponibilidade, mas acesso e boa nutrição, refletindo-se na qualidade da dieta. A abordagem é multidimensional e fundamenta o direito humano à alimentação adequada.
O recado dos números
Em síntese, MS aparece entre as Unidades da Federação que implementam ações de acesso. Isso é positivo. No entanto, carece de marcos institucionais para dar continuidade, monitoramento e financiamento a essas políticas. O desafio é transformar esforço operacional em política de Estado.
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