
Audiência Pública por medidas contra a violência obstétrica e negligência foi realizada na Câmara dos Vereadores de Campo Grande, nesta quarta-feira (26). Qualquer intervenção física ou psicológica, que cause dor, dano, sofrimento desnecessário ou desrespeito à autonomia da mulher durante a gestação, parto, nascimento ou pós-parto é definido como violência obstétrica.
O debate abordou o tema “entre dor e direitos: a realidade da violência obstétrica” e contou com relatos de mães, pais e familiares de crianças que faleceram ou ficaram com sequelas em decorrência de casos de violência obstétrica e negligência médica.
A criação de protocolos de atendimento e de mecanismos de prevenção, em projeto de lei, foi uma das sugestões apresentadas. Representantes do Ministério Público Estadual, da Defensoria Pública, da Polícia Civil, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Secretaria Municipal de Mulheres, Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, profissionais da saúde e de assistência social estiveram presentes na discussão.
Mirian Souza da Silva, avó do Ravi, que faleceu no parto em outubro deste ano, na Maternidade Cândido Mariano. A sua nora, Cláudia, permaneceu 12 horas em trabalho de parto e houve a insistência pelo parto normal. O menino acabou nascendo sem vida, com lesões na cabeça, após ser puxado com força. Ela relata ainda que o descaso seguiu depois que foi constatado o óbito.
“Precisa de uma humanização no atendimento. Uma anamnese completa da paciente, ser feito todo o estudo para saber o que será o momento daquele parto, além da questão psicossocial, que é a questão do como o profissional vai estar abordando aquela mulher num momento tão especial”, sugeriu.
A defensora pública Thais Dominato Silva Teixeira falou do trabalho de prevenção e também de repressão.
“A gente precisa mudar as práticas, a gente precisa trabalhar com a formação dos profissionais de saúde para a medicina baseada em evidências científicas, mostrando que há procedimentos que não podem mais ser realizados. A gente precisa trabalhar com o empoderamento das mulheres para que elas entendam quais são as práticas violentas, possam pleitear seus direitos e assim serem menos lesadas”, afirmou.
*Com informações da Câmara dos Vereadores de Campo Grande