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Campo Grande

Comércio nos bairros e o fortalecimento da economia

Moreninhas reúne mais de 1,6 mil empreendedores individuais, segundo dados da Receita Federal

Supermercado Duarte já tem cinco unidades em Campo Grande e conta com mais de 150 funcionários - Foto: Divulgação
Supermercado Duarte já tem cinco unidades em Campo Grande e conta com mais de 150 funcionários - Foto: Divulgação

Localizado na região sul de Campo Grande, o bairro Moreninhas tem uma população estimada em 25 mil habitantes, segundo dados do IBGE. 

A 13km do Centro da cidade, os moradores têm, ao lado de casa, supermercados, lojas de roupas, restaurantes, até agências bancárias. Por isso, há quem diga que não precise sair do bairro, pois consegue resolver tudo por ali. É o caso da professora Josiane, que aponta a facilidade para ter acesso a serviços no bairro. 

“Assim, a gente consegue resolver muita coisa na Moreninhas mesmo e aí as vezes a gente acaba optando em comprar aqui mesmo, loja de roupa tem muito aqui, porque assim, você vai para o Centro e você já pensa que vai gastar com gasolina e estacionamento e você acaba resolvendo as coisas por aqui.”, relata a moradora.

Daniel morou por 40 anos no bairro e destaca a potencialidade da região que é vista até mesmo como “um município dentro de Campo Grande". “No bairro Moreninhas tem de tudo. É um bairro que muito cresceu e expandiu. Como o pessoal já diz: lá é um município que ainda não foi emancipado”. A grandeza do bairro também é apontada pelo superintendente de Varejo do Banco do Brasil em Mato Grosso do Sul, Gustavo Arruda. 

“É um bairro que tem status de cidade. Se fizermos um ranking por população ficaria à frente com toda a certeza de muitos municípios no próprio estado e a gente está presente lá fisicamente [agência do Banco do Brasil no bairro] e isso, eu sei que contribui para a cidade, mas também nos atende no aspecto de contribuir para o crescimento da cidade e especialmente daquela região.".

Nas Moreninhas há 1.686 microempreendedores individuais e 418 microempresas. Um volume expressivo de negócios comprovado por dados da Receita Federal. 

Um deles é o do casal Edilene e Paulo. Eles abriram uma loja de roupa há pouco mais de um ano e, agora, investem em uma conveniência. 

“A gente resolveu investir, começar a mexer com roupa, porque eu sempre gostei de trabalhar com venda e aí começamos com pouco. Trabalhamos em casa mesmo. Fomos então comprando araras, manequins, montei na minha sala a loja. Depois, a gente resolver trabalhar só com a conveniência”, conta a empreendedora. 

A pandemia foi um momento de fortalecimento de negócios nos bairros. A avaliação é do Leonan Povoa Filho, gerente regional do Sicredi. A cooperativa tem aberto agências bancárias em diversos bairros de Campo Grande. 

“Hoje, a gente entende como um movimento mais natural, muito provocado principalmente no cenário pós-pandemia, onde as pessoas através do home office trabalhavam de casa, então, evitavam ao máximo fazer deslocamentos. Então, começaram a comercializar mais próximos as suas residências e o papel moeda, o próprio plástico em si, o cartão começou a transacionar mais e com a vinda do PIX, as transações aumentaram bastante.” 

Em outra região da cidade, no bairro Parati, a Silvana Pereira revende produtos de beleza e planeja seguir o mesmo caminho de outros empreendedores: abrir um espaço comercial perto de casa. Para realizar o sonho, ela busca capacitação com o Sebrae-MS.  

“Terminando o ano, o Sebrae abriu aqui na rua da Divisão, no bairro Parati, e desde então eu venho fazendo curso lá. É muito bom, eu gostei e até hoje estou fazendo. Está abrindo muito a minha cabeça, me ajudando no dia-a-dia, nos orçamentos, na parte de finanças para eu me organizar melhor.”. 

Ter o próprio negócio não é fácil, mas é necessário entender que planejamento é muito importante, como explica o analista técnico do Sebrae-MS, Carlos Henrique Oliveira. 

“A gente precisa entender se o empresário está promovendo algo realmente que ele buscou, as vezes entendeu, fez uma viagem, analisou um processo e gostou de uma ideia, detecto dentro do seu bairro uma oportunidade. Então, esse empresário vai fazer aquele processo de planejamento, entender o mercado onde ele quer se inserir, se realmente aquilo que ele gosta de fazer vai trazer retorno financeiro também. É importante lembrar que não basta só gostar do que faz.”. 

Quem já conquistou o sucesso garante que o caminho também é de muito esforço, dedicação e trabalho em equipe. Kelly conta que a família do marido, por exemplo, começou com um pequeno negócio. Hoje, eles tocam uma rede de supermercados. 

“O Supermercado Duarte começou como um pequeno sacolão embaixo do sobrado que o meu sogro morava com a família dele e era também para os dois filhos trabalharem. É uma empresa bem familiar. Eles cresceram assim. Do sacolão foi para uma mercearia e depois uma quadra para baixo, um supermercado que já existia o proprietário colocou à venda e eu lembro que na época a gente era casado há pouco tempo e pegamos dinheiro emprestado, tiramos dinheiro da onde não tinha, vendemos o que tínhamos para comprar o prédio. Compramos o prédio, deixamos ele fechado um ano até pagarmos todas as dívidas, todos os empréstimos”. 

O empreendimento já reúne mais de 150 funcionários em cinco unidades nos bairros Piratininga, Moreninhas, São Conrado, Noroeste e Campo Belo.  

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