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CONFLITO AGRÁRIO EM CAARAPÓ

Comitiva interministerial ouve indígenas e busca conciliação em MS

Grupo deve retornar à região na quinta-feira (30) à tarde para apresentar uma proposta de encaminhamento às lideranças

Encontro com indígenas na segunda-feira (Foto: reprodução/ Cimi)
Encontro com indígenas na segunda-feira (Foto: reprodução/ Cimi)

Após mais de um mês de tensão na área em litígio da Fazenda Ipuitã, em Caarapó, a comitiva interministerial – formada por representantes do Ministério dos Povos Indígenas, Ministério dos Direitos Humanos, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Ministério Público Federal e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) – esteve nesta segunda-feira (27) com lideranças guarani-kaiowá da comunidade Guyraroká.

A reunião, realizada durante a tarde e início da noite teve como foco ouvir os relatos dos indígenas e buscar caminhos de mediação e conciliação para o impasse que envolve produtores rurais e famílias indígenas que ocuparam parte da área no dia 21 de setembro.

Segundo informações obtidas pela reportagem, o encontro foi considerado produtivo, e a comitiva deve retornar à região na quinta-feira (30) à tarde para apresentar uma proposta de encaminhamento às lideranças. O grupo atua justamente como um canal de diálogo para tentar evitar o agravamento de conflitos agrários e promover soluções negociadas entre as partes.

Relatos de violência e denúncias de abusos

Durante a reunião, os indígenas relataram episódios de violência e intimidação ocorridos desde o início da retomada. De acordo com as lideranças, foram ao menos quatro ataques graves, o mais recente registrado no último sábado (25), após o sequestro de uma jovem de 17 anos.

Os relatos incluem agressões físicas, disparos de arma de fogo e destruição de barracos, além de denúncias de ameaças contra famílias que permanecem na área.

Os indígenas também explicaram as motivações da retomada, que vão além da reivindicação territorial. Um dos principais pontos levantados é a contaminação por agrotóxicos nas fazendas do entorno.

“As plantações despejam toneladas de veneno que caem sobre nossas casas, sobre a escola, sobre as crianças. Cai como chuva”, relatou uma das lideranças durante o encontro.

O uso intensivo de agrotóxicos nas lavouras próximas à comunidade é uma das principais queixas do povo guarani-kaiowá, que afirma sofrer com sintomas de intoxicação e impactos ambientais na área tradicionalmente ocupada.

Mediação adiada com a Segurança Pública

Apesar da boa receptividade entre os indígenas, a reunião prevista para quarta-feira (29) com representantes da Segurança Pública foi cancelada. A expectativa, no entanto, é de que a comitiva também ouça os demais envolvidos — entre eles produtores rurais e autoridades estaduais — antes de apresentar uma proposta de mediação.

Na agenda, consta ainda um encontro com os deputados estaduais na quarta-feira, às 16 horas, em Campo Grande. O objetivo é a busca de um acordo que evite novos confrontos.