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Copom indica que juros elevados devem durar mais diante de cenário adverso

Comitê vê pressão inflacionária, desancoragem das expectativas e dúvidas sobre política fiscal como fatores centrais

Ata do Copom foi divulgada esta terça-feira - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Ata do Copom foi divulgada esta terça-feira - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A ata da 272ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (5), reforça que a decisão de manter a taxa básica de juros em 15% foi motivada por um cenário mais adverso para a inflação.

O documento aponta que a política monetária precisará seguir contracionista por mais tempo, diante da combinação de fatores internos e externos que dificultam a convergência da inflação à meta.

De acordo com o comitê, as projeções para a inflação seguem elevadas, e as expectativas do mercado continuam acima da meta estabelecida para os próximos anos. O Copom destaca que, “em um ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo”.

O colegiado também menciona que houve uma “interrupção no processo de desinflação de bens industriais” e um aumento nas pressões inflacionárias de alimentos. Além disso, avalia que o nível de atividade econômica está mais forte do que o esperado, o que exige ainda mais atenção sobre os núcleos da inflação, que seguem elevados.

No campo externo, a avaliação do Copom é de que o ambiente se deteriorou. A incerteza com o início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, somada à dinâmica fiscal brasileira, elevou os prêmios de risco e tornou mais instável o cenário para economias emergentes.

Outro ponto de destaque foi o aumento da incerteza sobre a política fiscal do país. O comitê pontua que o “aumento das expectativas de inflação de médio e longo prazo parece refletir, em parte, dúvidas sobre a execução da política fiscal” — o que influencia negativamente o processo de ancoragem das expectativas e dificulta a atuação do Banco Central.

Para o Copom, a política monetária precisa se manter vigilante para garantir que o processo de desinflação continue e para fortalecer a confiança na trajetória de convergência da inflação à meta.