Veículos de Comunicação

CORREDOR DO DESENVOLVIMENTO

Retomada de negociações Brasil–Paraguai reforça Corredor Bioceânico e hidrovia em MS

Retomada das negociações Brasil–Paraguai sobre Itaipu recoloca o Corredor Bioceânico no centro da infraestrutura e da logística de MS.

Navio cargueiro na Hidrovia Paraguai-Paraná em trecho de Mato Grosso do Sul, com porto e silos ao fundo
Trecho da Hidrovia Paraguai-Paraná utilizado para exportações de Mato Grosso do Sul, eixo da integração logística com o Paraguai. Foto: Divulgação Segov

A retomada, em dezembro, das negociações entre Brasil e Paraguai sobre o Anexo C do Tratado de Itaipu recoloca o Corredor Bioceânico e a Hidrovia Paraguai-Paraná no centro da agenda de infraestrutura estratégica para Mato Grosso do Sul. Esses dois projetos são vistos como decisivos para reduzir custos logísticos. Além de encurtar rotas de exportação, vão ampliar a competitividade da economia sul-mato-grossense.

A definição foi tomada em encontro entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o chanceler paraguaio, Rubén Ramírez Lezcano. Foi realizado na manhã desta segunda-feira (17). De acordo com nota conjunta divulgada pela Agência Brasil, as tratativas sobre a revisão do Anexo C serão retomadas na primeira quinzena de dezembro. Assim, abre-se uma nova fase nas discussões bilaterais.

Corredor Bioceânico e Hidrovia: Prioridades em MS

Para Mato Grosso do Sul, porém, o trecho mais sensível da reunião aparece no bloco de infraestrutura. Os dois governos afirmaram que pretendem acelerar negociações e organizar futuras visitas presidenciais. Estas serão focadas em projetos logísticos, sobretudo o Corredor Bioceânico, que liga Brasil, Paraguai, Argentina e Chile até os portos do Pacífico. Portanto, o corredor volta à condição de prioridade para consolidar a integração rodoviária sul-americana.

Nesse contexto, o Estado é diretamente favorecido. Ao encurtar distâncias até os portos chilenos, o corredor tem potencial para baratear o transporte de grãos, carnes e cargas industriais. Estas saem de MS, o que fortalece a competitividade regional frente a outros corredores de exportação. Além disso, a aposta é de que novos investimentos venham na esteira da melhoria da malha logística.

A Hidrovia Paraguai-Paraná também ganhou destaque específico na conversa entre os chanceleres. Considerada eixo crucial para o escoamento da produção, a hidrovia terá intervenções em um trecho de 600 quilômetros. Esse trecho fica entre Corumbá e a foz do rio Apa, em Porto Murtinho. Trata-se exatamente da faixa em que o Estado concentra operações portuárias e vem ampliando a estrutura voltada ao transporte fluvial de cargas.

Investimentos e Sustentabilidade na Hidrovia

Nos primeiros cinco anos, estão previstos serviços de dragagem, derrocagem, balizamento, sinalização, construção de estruturas de apoio e implantação de sistemas de gestão do tráfego hidroviário. Com isso, a logística deve ganhar eficiência. Simultaneamente, busca-se reduzir emissões e incentivar o desenvolvimento sustentável das cidades ribeirinhas ao longo do rio Paraguai.

Outros Temas da Relação Bilateral

Além da pauta energética, o encontro abriu espaço para temas sensíveis da relação bilateral. Um relatório confidencial sobre ações da Abin em território paraguaio, entre 2022 e 2023, foi apresentado pelo governo brasileiro. O Paraguai considerou o assunto encerrado após as explicações.

Ao mesmo tempo, os chanceleres trataram de cooperação em segurança pública. Focaram no combate ao tráfico de drogas, armas e pessoas. Também abordaram coordenação em defesa, incluindo ações militares conjuntas. As conversas avançaram ainda sobre integração em energia, etanol e biomassa. Além disso, discutiram ampliação de intercâmbios educacionais e acadêmicos e parcerias ligadas à alimentação escolar, agricultura familiar e estatística pública. Por fim, os governos articulam possíveis datas para visitas dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Santiago Peña. Tais visitas deverão aprofundar os acordos em construção.