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ENTREVISTA

“Escutar pode salvar vidas”, alerta voluntário do CVV

Victor Yazbek destacou que pedir ajuda não é fraqueza e que a conversa pode ser decisiva na prevenção

Victor Yazbek nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Karina Anunciato/Portal RCN67
Victor Yazbek nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Karina Anunciato/Portal RCN67

Durante entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, nesta sexta-feira (5), o voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV), Victor Yazbek, falou sobre o trabalho de acolhimento realizado pela entidade, especialmente no contexto da campanha Setembro Amarelo.

Ele destacou que a escuta atenta pode ser um caminho decisivo para salvar vidas.

Atendimento gratuito e sigiloso

Segundo Yazbek, o CVV atua no Brasil desde 1962 e atende 24 horas por dia pelo telefone 188. “É uma ligação gratuita, todos os dias do ano, e absolutamente sigilosa. A pessoa não precisa se identificar”, explicou.

O serviço também está disponível por chat e e-mail, acessíveis pelo site cvv.org.br, embora esses canais ainda não funcionem em tempo integral. “Essa relação de ajuda entre quem liga e o voluntário é baseada no sigilo. O objetivo é acolher, sem julgamento”, reforçou.

Formação dos voluntários

Yazbek explicou que os atendentes são voluntários que passam por um curso de quatro meses, com encontros semanais e estágio supervisionado. “O voluntário não precisa ter formação em psicologia ou psiquiatria. São pessoas que doam seu tempo para ouvir. É um curso de ‘escutatória’, porque a gente aprende a escutar”, afirmou.

Ele ressaltou que o objetivo não é aconselhar, mas permitir que a pessoa desabafe e alivie a pressão emocional. “É como uma panela de pressão: quando você puxa o pino e solta, o peso diminui. Depois desse momento, a própria pessoa pode perceber que precisa buscar ajuda profissional”, disse.

Quem procura o CVV

De acordo com o voluntário, os atendimentos abrangem diferentes perfis. “As pessoas ligam para falar de perdas, frustrações, luto, desemprego, separação. Não é só quem está na iminência de cometer um ato contra a própria vida. No fundo, ninguém quer tirar a própria vida, mas sim sair do sofrimento”, afirmou.

Yazbek destacou dois grupos que têm demandado atenção: os jovens, que enfrentam pressões relacionadas a estudos, trabalho e identidade, e os idosos, cada vez mais expostos à solidão.

“O jovem vive cobranças intensas e o idoso muitas vezes é deixado de lado pela família. Ambos precisam de apoio emocional”, explicou.

O papel da sociedade

Além do atendimento especializado, Yazbek reforçou a importância da escuta no dia a dia. “Você, eu, qualquer um que se disponha a ouvir o outro de forma acolhedora já está contribuindo para a prevenção do suicídio. Reconhecer que está fragilizado também é um ato de grandeza”, afirmou.

Ele destacou ainda que estigmas relacionados à depressão dificultam a busca por ajuda. “Muita gente ainda acha que depressão é frescura. Não é. É fundamental entender que pedir ajuda não é sinal de fraqueza. Ao contrário, é um gesto de força”, concluiu.

Confira a entrevista na íntegra: