Durante entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, nesta sexta-feira (5), o voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV), Victor Yazbek, falou sobre o trabalho de acolhimento realizado pela entidade, especialmente no contexto da campanha Setembro Amarelo.
Ele destacou que a escuta atenta pode ser um caminho decisivo para salvar vidas.
Atendimento gratuito e sigiloso
Segundo Yazbek, o CVV atua no Brasil desde 1962 e atende 24 horas por dia pelo telefone 188. “É uma ligação gratuita, todos os dias do ano, e absolutamente sigilosa. A pessoa não precisa se identificar”, explicou.
O serviço também está disponível por chat e e-mail, acessíveis pelo site cvv.org.br, embora esses canais ainda não funcionem em tempo integral. “Essa relação de ajuda entre quem liga e o voluntário é baseada no sigilo. O objetivo é acolher, sem julgamento”, reforçou.
Formação dos voluntários
Yazbek explicou que os atendentes são voluntários que passam por um curso de quatro meses, com encontros semanais e estágio supervisionado. “O voluntário não precisa ter formação em psicologia ou psiquiatria. São pessoas que doam seu tempo para ouvir. É um curso de ‘escutatória’, porque a gente aprende a escutar”, afirmou.
Ele ressaltou que o objetivo não é aconselhar, mas permitir que a pessoa desabafe e alivie a pressão emocional. “É como uma panela de pressão: quando você puxa o pino e solta, o peso diminui. Depois desse momento, a própria pessoa pode perceber que precisa buscar ajuda profissional”, disse.
Quem procura o CVV
De acordo com o voluntário, os atendimentos abrangem diferentes perfis. “As pessoas ligam para falar de perdas, frustrações, luto, desemprego, separação. Não é só quem está na iminência de cometer um ato contra a própria vida. No fundo, ninguém quer tirar a própria vida, mas sim sair do sofrimento”, afirmou.
Yazbek destacou dois grupos que têm demandado atenção: os jovens, que enfrentam pressões relacionadas a estudos, trabalho e identidade, e os idosos, cada vez mais expostos à solidão.
“O jovem vive cobranças intensas e o idoso muitas vezes é deixado de lado pela família. Ambos precisam de apoio emocional”, explicou.
O papel da sociedade
Além do atendimento especializado, Yazbek reforçou a importância da escuta no dia a dia. “Você, eu, qualquer um que se disponha a ouvir o outro de forma acolhedora já está contribuindo para a prevenção do suicídio. Reconhecer que está fragilizado também é um ato de grandeza”, afirmou.
Ele destacou ainda que estigmas relacionados à depressão dificultam a busca por ajuda. “Muita gente ainda acha que depressão é frescura. Não é. É fundamental entender que pedir ajuda não é sinal de fraqueza. Ao contrário, é um gesto de força”, concluiu.
Confira a entrevista na íntegra: