Os frigoríficos de Mato Grosso do Sul suspenderam, nesta semana, a produção de carne bovina destinada aos Estados Unidos. A decisão ocorre após o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciar uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros.
Em entrevista ao programa Agro é Massa, nesta quarta-feira (16), o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sincadems), Alberto Sérgio Capucci, afirmou que o setor foi pego de surpresa e que a medida provocou “imediata reação na cadeia produtiva”.
“Com essa tarifa extra, vender carne para os Estados Unidos deixa de ser viável economicamente”
Alberto Sérgio Capucci
Segundo ele, a suspensão é uma medida preventiva, enquanto o mercado avalia os impactos reais da declaração de Trump. Atualmente, quatro frigoríficos do estado são habilitados para enviar suas carnes aos EUA: Iguatemi, Naturafrig, JBS e Minerva.
Capucci explicou que, embora o anúncio não tenha efeito imediato, a fala do presidente gerou insegurança nos compradores e levou à paralisação das encomendas. “Os frigoríficos precisaram agir rápido para evitar prejuízos. Produzir sem saber se haverá compra é um risco que o setor não pode correr”, pontuou.
A produção destinada aos Estados Unidos representa uma fatia importante das exportações de carne do estado, especialmente a carne premium. Com a suspensão, parte dos frigoríficos já redireciona o produto para outros mercados, como China, Emirados Árabes e países da América do Sul. No entanto, Capucci alerta que o redirecionamento não é simples: “Cada mercado tem suas exigências sanitárias e comerciais. Leva tempo para adaptar.”
Ainda conforme o vice-presidente do Sincadems, a expectativa agora é de cautela. Ele defende diálogo entre governo federal e autoridades norte-americanas para evitar que a medida se concretize. “O comércio internacional precisa de estabilidade, não de decisões unilaterais que afetam diretamente milhares de trabalhadores e produtores brasileiros”, afirmou.
O setor segue acompanhando os desdobramentos e espera que o cenário se normalize nas próximas semanas. Caso a tarifa seja de fato implementada, o impacto pode ser duradouro e exigir uma reestruturação das rotas de exportação da carne bovina de Mato Grosso do Sul.
Confira a entrevista completa no Agro é Massa desta quarta-feira (16):