Mato Grosso do Sul caminha para ser um dos primeiros estados brasileiros a universalizar o serviço de esgoto. A meta é atingir 90% de cobertura até 2028, cinco anos antes do prazo estipulado pelo Marco Legal do Saneamento, que estabelece 2033 como limite nacional.
O avanço é resultado de uma Parceria Público-Privada (PPP) firmada em 2021 com a Ambiental MS Pantanal, que intensificou os investimentos no setor. Segundo o último balanço, divulgado em junho, a cobertura da rede de esgoto já chegou a 70% da área urbana do estado.
Novas estações e mil quilômetros de redes
A meta do programa é ambiciosa: até abril de 2026, mais de mil quilômetros de novas redes coletoras devem ser implantadas em diferentes regiões de Mato Grosso do Sul. As obras incluem a construção de 258 estações elevatórias, responsáveis por transportar os resíduos até as unidades de tratamento.
Os trabalhos se concentram nas 68 cidades atendidas pela Sanesul. Em Dourados, por exemplo, a recém-inaugurada Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Laranja Doce já trata 80 litros de esgoto por segundo, com índice de eficiência de 97,5%.
A unidade é totalmente automatizada, operada remotamente e construída com materiais de maior durabilidade.
“A estrutura em aço inoxidável e vitrificado reduz os custos de manutenção e aumenta a vida útil do sistema”, explicou Douglas Cunha, supervisor regional da Ambiental MS Pantanal.
Impacto direto na saúde e valorização de imóveis
Para moradores como Sarita Ribeira, que vive no bairro Água Boa, em Dourados, os benefícios da rede de esgoto são imediatos.
“Saneamento é saúde. Aqui no bairro todo mundo comemorou quando acabou a fossa séptica. A valorização dos imóveis também foi visível”, disse.
A fala dela é reforçada por relatos de outras regiões do estado, como Ponta Porã, onde a cobertura já atinge 99%. No bairro Vila dos Professores, o morador Sebastião Neris Prada destaca a transformação na rotina dos moradores.
“Antes era fossa e caminhão de limpeza a cada 40 dias. Hoje é tudo conectado. Valoriza a casa e melhora o bem-estar”, afirmou.
Avanço também nas cidades menores
Em Caarapó, a nova estação de tratamento está com 75% da obra concluída. A estrutura, que atenderá uma cidade de até 50 mil habitantes, será toda automatizada. A engenheira ambiental Thais Lopes, responsável pelo projeto, destaca que o sistema é moderno e operado por telemetria.
“A diferença para os antigos modelos é enorme. Aqui tudo é monitorado em tempo real e com mínima interferência manual”, explicou.
Próximas cidades a receber obras
O cronograma inclui obras em Antônio João, Taquarussu, Bataguassu e outros 20 municípios que ainda não atingiram os índices de cobertura considerados adequados. Atualmente, 17 cidades já cumprem a meta do Marco Legal (acima de 90%), como Bonito, Três Lagoas, Chapadão do Sul e Santa Rita do Pardo.
A expectativa é que, até 2031, Mato Grosso do Sul atinja 98% de cobertura.
Mais do que metas, impacto social
Segundo a Sanesul, os investimentos superam R$ 450 milhões nos últimos quatro anos. A previsão da Ambiental MS Pantanal é aplicar até R$ 1,5 bilhão até o fim da concessão, que tem duração de 30 anos.
Para o diretor-presidente da estatal, Renato Marcílio, o avanço representa mais que números.
“Cada rede implantada representa mais saúde, dignidade e proteção ao meio ambiente. Estamos entregando qualidade de vida”, afirmou.
*Com informações do Governo de MS