As eleições já terminaram mas o resultado da eleição presidencial está dando muito pano para manga. Como aconteceu na manhã desta quinta-feira (30), durante a sessão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
O clima azedou quando o deputado reeleito Amarildo Cruz (PT) propôs uma moção de congratulação pela vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e foi pedido vista (tempo para analisar) pelo candidato reeleito João Henrique Catan (PL), que defende o correligionário presidente Jair Messias Bolsonaro.
Depois desse pedido de vista, o clima esquentou na Casa de Leis estadual, mesmo com os dois protagonistas participando virtualmente da sessão.
Para quem não está acostumado com os ritos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, a moção tem que ser apresentada aos deputados e votada se aceitam ou não que a moção seja enviada. Na sessão desta quinta-feira (30), quem presidia era o vice-presidente da Assembleia, o deputado reeleito Neno Razuk (PL), que recebeu a moção do petista Amarildo Cruz sob o n° 3.290/2022 parabenizando Lula pela vitória na eleição presidencial. A moção também tem a rubrica do também deputado reeleito Pedro Kemp (PT).
E no exato momento da apresentação, o deputado Catan, apoiador ferrenho de Jair Bolsonaro, pediu vista para a moção “ Peço vistas pelo prazo regimental{..} Eu gostaria de pedir vista ao requerimento de apresentação de moção da congratulação ao Lula”, comenta.
Fato este que irritou profundamente Amarildo Cruz e como diz o povo da roça o piseiro ficou armado. Houve bate-boca entre os parlamentares. Cruz indagou Razuk se o pedido de vista cabia para uma moção de congratulação. “Eu sou o autor da moção. Não é um requerimento, é uma moção. Gostaria que a Mesa [Diretora]analisasse se cabe vistas à moção”, salientou o petista.
Já respondendo a indagação de Cruz ao presidente da Mesa, Henrique Catan disse que o pedido de vista é permitido e estava no Regimento Interno da Casa de Leis. “Toda proposição do legislativo é um requerimento, já estudei isso”, disse.
A partir daí a discussão foi longe. Visivelmente irritado, Amarildo Cruz rebateu “o senhor precisa estudar muita coisa”.
O colega petista Pedro Kemp também entrou na celeuma informando que nunca presenciou vista a um pedido de moção em todo o período como parlamentar “Nunca teve vistas em moção, ou deputado vota a favor ou contra”, comentou Kemp.
Diante do 'disse que me disse' Razuk pediu para servidores do apoio legislativo consultar o Regimento Interno da Casa de Leis no que lhe informaram que há previsão de pedido de vista. “Segundo o artigo 213, permite o pedido de vistas. Então, está concedido”, anunciou o presidente da Mesa.
Para quem estava pensando que o imbróglio tinha terminado, Amarildo, Kemp e Catan começaram a discutir durante a sessão. Alfinetando o colega parlamentar, Catan sugeriu que Amarildo estudasse mais. “Obrigado, senhor presidente, eu estudei o Regimento. Amarildo, o senhor precisa estudar mais”, disse o correligionário de Bolsonaro.
Essa resposta pareceu doer mais em Kemp do que em Amarildo e o petista rebateu dizendo que perdedores tem que aprender a perder. Na sequência, Amarildo Cruz rebateu Catan. “Deputado, o senhor precisa estudar sobre a democracia e parar de fazer palanque”, finalizou.
Com o bafafá já instaurado, o presidente da Mesa, o tucano Neno Razuk, interrompeu a fala do petista e deu como encerrada a discussão e passou para o outro item da sessão.
Nos bastidores, a moção da "discórdia" deve retornar à Ordem do Dia para votação na próxima terça-feira, conforme prevê o regimento legislativo.