Moradores de um condomínio localizado atrás da Base Aérea de Campo Grande voltaram a relatar, na noite de terça-feira (20), um incêndio provocado pela queima de lixo em terrenos baldios próximos à região. Segundo eles, o problema é recorrente e ocorre quase todas as semanas, provocando fumaça intensa, mau cheiro e riscos à saúde e à segurança.
A prática, afirmam os moradores, já foi denunciada às autoridades municipais, mas até o momento não houve fiscalização efetiva. A moradora Beatriz Feldens relata que os incêndios ocorrem há anos e se intensificaram com o surgimento de novos condomínios próximos ao muro da base e do aeroporto.
“A rotina de incêndios aqui no terreno da base traz muitos transtornos. Desde antes dos condomínios existirem já havia queimadas. Agora, com os condomínios grudados no muro da base, a situação piora. Só o Jardim dI Fiore tem 100 casas, e ainda há os condomínios Galícias 1 e 2 e o Solar dos Sabiás. Tivemos incêndios grandes em 2017 e 2018, que duraram dias. O último, em junho do ano passado, começou de madrugada e ninguém veio socorrer”, disse Beatriz.
A moradora afirma ainda que, além da fumaça e da fuligem, as queimadas provocam prejuízos materiais e aumentam o aparecimento de animais peçonhentos.
“Já teve incêndio que derreteu a antena da TV de um vizinho. A fuligem é constante e, depois do fogo, aparecem cobras, escorpiões, bichos que fogem da base para os condomínios. É muito complicado conviver com isso”, completou.
A queima de lixo é uma prática proibida pela Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98). O artigo 54 prevê multa e até reclusão para quem causar poluição que resulte em danos à saúde humana ou ao meio ambiente.
Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que atendeu à ocorrência por volta das 21h de ontem, na rua Coronel Atos Silveira, área próxima à Base Aérea. Segundo a corporação, o fogo começou em um amontoado de lixo em via pública e se alastrou rapidamente para dentro da área militar, atingindo cerca de 10 hectares.
O combate durou aproximadamente quatro horas e contou com apoio de nove brigadistas da Base Aérea. Foram utilizadas bombas costais, sopradores e caminhões com água para conter as chamas.
“O Corpo de Bombeiros esteve no local e constatou o incêndio dentro da área militar. Foi um trabalho conjunto com as equipes da base, que utilizaram abafadores e outros equipamentos. A área queimada foi de cerca de 10 hectares”, informou a corporação.
A reportagem questionou a Prefeitura de Campo Grande sobre as ações de fiscalização para coibir o descarte irregular de lixo na região, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
A Aena Brasil, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de Campo Grande, também foi procurada e ainda não se manifestou sobre o caso. Não conseguimos contato com a Base Aérea de Campo Grande.