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ENTREVISTA

Queda de CG no ranking do saneamento expõe gargalos no abastecimento e perdas na distribuição

Capital caiu da 17ª para a 37ª colocação entre as 100 maiores cidades do país

Capital caiu da 17ª para a 37ª colocação entre as 100 maiores cidades do país - Foto: Reprodução/Águas Guariroba
Capital caiu da 17ª para a 37ª colocação entre as 100 maiores cidades do país - Foto: Reprodução/Águas Guariroba

Campo Grande caiu 20 posições no novo Ranking do Saneamento 2025, elaborado pelo Instituto Trata Brasil, passando da 17ª para a 37ª colocação entre as 100 maiores cidades do país.

Os dados, com base no ano de 2023, indicam uma piora nos índices de abastecimento de água, perdas na distribuição e cobertura de esgoto.

Em entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, o coordenador de Relações Institucionais do Instituto Trata Brasil, André Machado, detalhou os principais fatores que levaram à queda da Capital sul-mato-grossense no levantamento nacional.

Segundo ele, três pontos específicos impactaram negativamente o desempenho de Campo Grande. O primeiro foi a redução do índice de abastecimento de água, que caiu de 99,9% para 97,4%.

Apesar de ainda representar uma cobertura elevada, o número tirou a cidade da faixa de universalização, o que impacta diretamente na nota do ranking.

Outro fator foi a queda na proporção de esgoto tratado, que passou de 66,1% para 61,3%. Já o terceiro e mais significativo foi o aumento expressivo nas perdas de água durante a distribuição, que saltaram de 19,8% para 39,7%.

“É uma variação bastante acentuada, e o indicador ideal recomendado é abaixo de 25%”, pontuou André.

O levantamento considera dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e, pela primeira vez, incorpora as informações atualizadas do Censo Demográfico de 2022, o que também pode ter influenciado as variações ao tornar os números mais precisos.

Desigualdades regionais e investimento abaixo do ideal

Ao comentar o cenário nacional, André Machado apontou que, embora tenha havido algum avanço nos últimos dez anos — especialmente na coleta e tratamento de esgoto — o progresso ainda é considerado tímido.

Ele destaca que o abastecimento de água permanece praticamente estagnado, oscilando apenas entre um e dois pontos percentuais.

O ranking mostra um contraste entre as regiões: os melhores desempenhos se concentram no Sudeste e Sul, em cidades com maior capacidade de investimento, como São Paulo e Paraná.

Já entre os 20 últimos colocados, predominam municípios do Norte e Nordeste, onde a cobertura de saneamento ainda não é prioridade e em alguns casos não chega a 20%.

Para André, a universalização do saneamento básico até 2033 — meta estabelecida no novo marco legal — exige um salto de investimento. Atualmente, o Brasil investe em média R$ 126 por habitante ao ano, quando o ideal seria R$ 223, segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).

“O principal caminho para acelerar a cobertura é aumentar o volume de investimentos. Precisamos buscar fontes públicas, privadas, consórcios e parcerias para ampliar a infraestrutura e levar qualidade de vida à população”, concluiu.

Confira a entrevista na íntegra: