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Brasil será importador de etanol e de gasolina por quatro anos

"Para cada litro de gasolina que a Petrobrás importa, ela perde R$ 0,30. No primeiro semestre, as perdas já somam R$ 4 bilhões", disse

O Brasil vai ser importador de etanol e gasolina pelos próximos quatro anos em função principalmente dos preços inalterados da gasolina, disse na segunda-feira, 8, o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, durante painel sobre energia do 10º Congresso Brasileiro de Agronegócio, que está sendo realizado em São Paulo.

Além de fazer do Brasil um importador de gasolina e etanol ao invés de exportador, o preço fixo da gasolina com finalidade de conter a inflação também está provocando perdas expressivas na Petrobrás, diz Pires.

"Para cada litro de gasolina que a Petrobrás importa, ela perde R$ 0,30. No primeiro semestre, as perdas já somam R$ 4 bilhões", disse.

De acordo com Pires, o preço fixo da gasolina em R$ 1,05 por litro na refinaria desde 2009 impede a concorrência com o etanol.

"Em 2010, enquanto o PIB cresceu 7%, o consumo de gasolina no Brasil aumentou 19%", disse Pires.

O executivo ressalta também que apenas no primeiro semestre de 2011, enquanto o PIB aumentou 4% as vendas de gasolina já cresceram 10%. "Este crescimento absurdo do preço da gasolina está sendo provocado por uma manutenção artificial do preço", disse.

Do lado do produtor de etanol, Pires ressalta que o preço fixo da gasolina está atuando como um impedimento para o aumento da área plantada com cana-de-açúcar.

"O custo do setor sucroalcooleiro cresceu 38% em cinco anos e, se este preço for repassado para o preço do hidratado, ele perde competitividade em relação à gasolina", disse.

O professor da Universidade de São Paulo José Goldemberg disse que a manutenção do preço da gasolina congelado é irracional.

Segundo ele, existe o exemplo recente da Argentina com o gás natural, cuja fixação do preço levou à queda na oferta.