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Fibria: após prejuízo, analistas alertam para risco de quebra de contratos

Além da queda no preço da celulose, não há dúvida que o outro principal vilão do resultado foi a forte desvalorização do real em setembro (-16,4%)

O prejuízo de R$ 1,1 bilhão no terceiro trimestre reportado pela Fibria (FIBR3) na última quarta-feira (26) reverbera de forma neutra junto a analistas, uma vez que os danos no balanço causados pela apreciação do dólar e a queda no preço da celulose já eram previsíveis.

"Consideramos o resultado da Fibria neutro, pois o pequeno aumento no volume de vendas de celulose acabou sendo neutralizado pela redução de US$ 30 por tonelada no preço para a América do Norte e Europa e de US$ 50 por tonelada para a Ásia ocorrida em julho", afirmam os analistas Victor Penna e Carlos Daltozo, da BB Investimentos.

Além da queda no preço da celulose, não há dúvida que o outro principal vilão do resultado foi a forte desvalorização do real em setembro (-16,4%), que impulsionou os 92% da dívida líquida da empresa que estão atrelados a moedas estrangeiras.

Por pouco

Neste ponto, a dupla do BB alerta para a possibilidade de uma quebra de covenants (cláusulas de performance) acarretaria em um incremento nas despesas financeiras da companhia no curto prazo, já que R$ 2,5 bilhões estão atrelados à estas cláusulas, segundo a empresa", alertam os analistas.

Mônica Araújo, da Ativa Corretora, explica que a relação dívida líquida/Ebitda saltou de 3,20x no segundo trimestre para 4,20x no último período, se aproximando muito do limite de 4,25x previstos nos contratos como gatilho para aumento de suas obrigações.

Em busca de liquidez

Além disso, Penna e Daltozo destacam ainda o fato de a empresa ter anunciado a possível redução do Capex de 2012 em linha com a redução de R$ 201 milhões de 2011, através de otimização de estrutura e cortes de despesas operacionais.

Uma outra fonte de liquidez no curto prazo para as operações da Fibria poderá ser a conclusão da venda do Projeto Losango, uma base florestal no sul do país que é negociada desde o início do ano.

Enquanto isso, Mônica destacou que embora o Ebitda (geração operacional de caixa) tenha mostrado queda em relação aos períodos anteriores, a queda ficou aquém das expectativas do mercado.

Expectativas divergentes

Apesar de convergirem acerca da opinião sobre o balanço do terceiro trimestre, analistas do BB e da Ativa discordam quando as expectativas para o futuro da empresa.

Penna e Daltozo, do BB, afirmam que, apesar da volatilidade das commodities em geral, continuam otimistas com relação à demanda para a Fibria, principalmente da China em razão da maior atratividade da celulose brasileira após a desvalorização do real.

Já Mônica, da Ativa, não recomenda exposição ao setor de papel e celulose no curto prazo, "considerando a menor expectativa de recuperação da economia mundial e a tendência negativa para o preço da celulose", finaliza.