Em meio às cores que anunciam a valorização da vida, instituições de valorização da vida reforçam a importância da campanha Setembro Amarelo, com dados oficiais que destacam a urgência de abrir o diálogo sobre saúde mental, acesso a tratamento psicológico e apoio familiar, principalmente entre homens.
Dados oficiais e perfis de risco
Nacionalmente, pesquisas e registros indicam que o maior número de suicídios ocorre entre homens, em geral, com taxas superiores às observadas entre mulheres. Esse padrão está presente em diversas regiões e reforça a necessidade de estratégias direcionadas a homens, incluindo desestigmatização da procura por ajuda e acesso facilitado a serviços de saúde mental. De acordo com dados de um artigo publicado pela USP (Universidade de São Paulo), em 2024, o suicídio é quase quatro vezes mais incidente entre homens, são 9,9 mortes autoprovocadas por 100 mil habitantes; já entre as mulheres são 2,6 casos por 100 mil. A principal faixa etária atingida vai dos 15 aos 29 anos de idade. Daniel Kawakami, psiquiatra no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, explica as razões por trás do dado:
As mulheres representam a maior parte das tentativas de suicídio, no entanto, até por serem mais abertas aos medicamentos e tratamentos adequados para seus problemas, acabam encontrando maneiras de superar a situação. Outro fator é o modo com que os homens buscam a morte autoprovocada. Enforcamento, armas de fogo e meios normalmente mais letais. Além disso, a faixa do início da adolescência é justamente quando começam os transtornos psiquiátricos. Depressão, ansiedade e outras questões aparecem nessa fase, além de ser também o início da vida adulta, que traz uma série de responsabilidades e dificuldades, o que, para uma pessoa que está doente, pode levar aos pensamentos de morte autoprovocada. Além disso, é comum o uso do álcool associado aos casos de suicídios. O álcool elimina a censura e algumas barreiras mentais e pode ser o último empurrão para um depressivo que já está ali com tendências graves.
Em MS, as informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MS) apontam que, nos últimos anos, a maioria dos casos de suicídio envolve homens entre 20 e 49 anos, com fatores associados a violência, dependência química, crises financeiras, desemprego e condições de saúde mental não tratadas.
Causas previstas e fatores contributivos
- Principais causas apontadas por autoridades de saúde incluem depressão, transtorno de ansiedade, uso de álcool e outras substâncias, situações de crise econômica, isolamento social e histórico de tentativa anterior.
- Conflitos familiares, violência doméstica e violência intrafamiliar também aparecem como fatores de risco em alguns casos registrados pelos órgãos de segurança e de saúde do estado.
- A pandemia de Covid-19 impactou a saúde mental de diversas parcelas da população, evidenciando a necessidade de redes de apoio acessíveis e de continuidade de cuidados.
Dados de 2024 e 2025 (MS)
- 2024: registros do sistema de saúde e da SSP/MS sugerem que o volume de notificações de tentativas de suicídio aumentou em alguns municípios, com maior concentração entre jovens adultos e homens em áreas urbanas e periurbanas. As autoridades destacam a importância de serviços de psicologia, CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e redes de atenção básica para monitoramento e intervenção precoce.
- 2025: dados preliminares indicam continuidade da tendência de maior incidência entre o público masculino, com necessidade de ampliar o alcance de campanhas de prevenção, capacitação de profissionais de saúde e engajamento da comunidade. Observa-se também esforço para ampliar a capilaridade de serviços de saúde mental no interior do estado.
Importância da campanha, tratamento e apoio familiar
- Setembro Amarelo serve para reduzir o estigma, incentivar a busca por ajuda e promover a comunicação sobre saúde mental entre familiares, amigos e colegas.
- O tratamento psicológico, incluindo psicoterapia e, quando indicado, medicação, é fundamental para reduzir síndromes depressivas e riscos de comportamento suicida.
- O apoio familiar e social aumenta a resiliência, facilita a adesão a terapias e cria redes de proteção para pessoas em sofrimento mental.
Instituições de ajuda e contatos úteis
- Secretaria de Estado de Saúde de MS (SES/MS): vigilância de saúde mental e rede de CAPS.
- Secretaria de Segurança Pública de MS (SSP/MS): atuação em prevenção e encaminhamentos de casos de risco.
- Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e redes de atenção básica de saúde locais.
- Disque 188 – Centro de Valorização da Vida (CVV): 24h, gratuito e sigiloso, apoio emocional e prevenção do suicídio.
- Serviços municipais de saúde mental e unidades básicas de saúde (UBS) de cada cidade.