O ministro da Educação Fernando Haddad deu sinal verde nesta semana para a implantação da Faculdade de Medicina em Três Lagoas, e consequentemente para a construção do hospital universitário. Foi levantada ainda a possibilidade de o Hospital Auxiliadora ser habilitado também para atender como hospital-escola.O Jornal do Povo ouviu a opinião de alguns médicos que atuam no município há anos sobre o assunto.
O médico Darcy da Costa Filho, o Costinha, que já foi prefeito e secretário de Saúde de Três Lagoas, disse ser totalmente favorável à criação da Faculdade de Medicina no município. Entretanto, observou que é preciso ter uma preocupação especial com a qualidade do ensino a ser oferecida. “Temos exemplos de escolas de medicina que foram implantadas em algumas cidades, sem nenhuma infraestrutura, sem preocupação com o quadro docente, e se tornaram um fracasso”, disse o médico.
Costinha comentou que há 15 dias esse assunto foi abordado na reunião do Conselho Regional de Medicina, o qual também se mostrou preocupado com a questão da qualidade do ensino. “É preciso que se tenha um quadro docente preparado para que os alunos se tornem bons médicos”, ressaltou.
Darcy é favorável à construção de um hospital-escola. Ele entende que o Auxiliadora não teria condições de ser habilitado para isso. “O ideal é construir um hospital com salas amplas, laboratórios e equipamentos modernos. Um hospital que se dedica ao atendimento geral é diferente de um hospital-escola”, destacou. “Caso esse projeto se concretize, Três Lagoas terá condições de ter novas especialidades – o que não existe na cidade”, complementou.
Quanto à possibilidade levantada em relação a Três Lagoas ter residência médica, Costinha disse que esse é um assunto para o futuro. “Para um hospital-escola ter residência médica, é preciso, primeiro, ter um curso de graduação excelente. A residência requer algo a mais que a graduação. Acho que não é bom pensar nisso agora. Três Lagoas, no momento, não tem condições para isso”, salientou.
Já o médico Paulo Veron da Motta afirmou que a Faculdade de Medicina será benéfica para a área da saúde. Ele entende que o ideal seria construir um hospital-escola, mas também acha que o Auxiliadora teria condições de ser adaptado para esta finalidade. “O Auxiliadora já oferece estágio de enfermagem, fisioterapia e técnico de segurança de trabalho. Acho que a estrutura do atual hospital poderia ser utilizada até que se possa construir um novo”, opinou.
O médico Josino da Cunha Viana Neto é da mesma opinião. Ele entende que o Auxiliadora pode ser ampliado e habilitado para atender também como hospital-escola. “A Faculdade de Medicina será muito importante, não só para o desenvolvimento econômico, mas para a melhoria do sistema de saúde. Sou a favor da implantação do curso”, declarou.
Já o médico ortopedista, Edson Batista de Lima, entende que o Auxiliadora não oferece condições para atender como um hospital-escola. Ele acha que deveria ser construído um específico para essa finalidade. Edson comentou ainda que é preciso analisar a densidade populacional de Três Lagoas antes de implantar um projeto desse porte. “O fundamental é implantar uma Faculdade de Medicina em cidades acima de 200 mil habitantes. Hoje, já existe o Hospital Unimed, que atende a 40 mil pessoas. Então, é preciso analisar quais seriam os pacientes a ser atendidos nesse novo hospital. Apesar disso, o projeto continua sendo muito importante para o município”, comentou.
A Faculdade de Medicina em Três Lagoas foi incluída no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFMS, o qual será entregue ao MEC. A previsão é de que, já em 2013, sejam abertas as inscrições para o curso de medicina e o ano letivo seja iniciado em 2014.