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Visita de ministro da educação à UFGD expõe contraste entre inaugurações e críticas por cortes orçamentários

Ministro inaugura prédio da Reitoria e visita obras do Hospital Universitário, enquanto estudantes e indígenas denunciam sucateamento e cobram mais investimentos

Mais de 50 pessoas participam da mobilização em frente ao campus da UFGD (Foto: Jhonatan Xavier/ Massa Dourados)
Mais de 50 pessoas participam da mobilização em frente ao campus da UFGD (Foto: Jhonatan Xavier/ Massa Dourados)

O ministro da Educação, Camilo Santana, cumpre agenda em Dourados (MS) nesta terça-feira (30). Às 10h30, ele inaugura o prédio da Reitoria do Campus Unidade II da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). À tarde, às 14h, visita as obras da segunda etapa da Unidade da Mulher e da Criança (UMC) do Hospital Universitário.

A cerimônia, porém, ocorre em meio a críticas de estudantes e representantes indígenas sobre a realidade da instituição.

De acordo com o secretário de Formação Política do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Gabriel dos Santos, a inauguração não reflete a situação dos demais prédios da universidade.

“A UFGD está sucateada. Temos cursos sem professores, problemas de estrutura e cortes orçamentários. Foram mais de R$ 30 bilhões retirados, e apenas R$ 400 milhões recompostos para propaganda do governo”, afirmou.

Gabriel destacou que as reivindicações já foram apresentadas em reuniões e ofícios à Reitoria, mas a resposta tem sido a falta de verba.

“O DCE não tem rabo preso com nenhum partido. Vamos sempre defender os interesses dos estudantes e lutar pela recomposição orçamentária e pelo respeito à ciência”, completou.

O movimento indígena também participou da mobilização. Para Sidimar Guarani Kaiowá, representante do movimento universitário indígena, a UFGD deve ser vista como território tradicional e espaço de afirmação cultural. Ele reforçou a necessidade de melhorias nas bolsas estudantis e apoio específico aos acadêmicos indígenas.

“Pedimos que a bolsa do MEC seja paga em 12 parcelas anuais, e não apenas seis. Também precisamos de uma casa de alternância, para acolher estudantes indígenas vindos de outras localidades”, disse.

Além das pautas estudantis, o DCE manifestou apoio às retomadas Guarani Kaiowá, destacando a defesa dos territórios tradicionais frente a conflitos agrários.

A visita de Camilo Santana ocorre em um cenário de contraste, enquanto o governo federal busca mostrar avanços em infraestrutura, estudantes e comunidades locais denunciam a precariedade do ensino superior na região.

Até o fechamento da reportagem a UFGD não respondeu aos nossos questionamentos. O espaço segue aberto.