Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Ação da Eldorado não muda planos de terceira fábrica de celulose

André Puccinelli diz que nova fábrica vai elevar produção de MS para 8 milhões de toneladas/ano

O governador André Puccinelli (PMDB) afirmou nessa sexta-feira, durante solenidade no Comando Geral da Polícia Militar, que a ação ajuizada pelo grupo controlador da Eldorado Brasil no Superior Tribunal de Justiça (STJ), não deve atrapalhar os planos de investimentos na construção de uma terceira fábrica de celulose em Mato Grosso do Sul. A nova unidade deve ser construída em Ribas do Rio Pardo, a 80 quilômetros de Campo Grande. 

A Eldorado, inaugurada em 12 de dezembro de 2012, alega termo de confidencialidade e compromisso que garantiria reserva de mercado à fábrica de Três Lagoas. O presidente da Eldorado, José Carlos Grubisich, diz que há uma demanda crescente e seria necessária uma fábrica do porte da Eldorado por ano para atender o mercado mundial. 

Com a reserva de mercado, a Fibria, quem já opera desde 2009, e a Eldorado, não teriam concorrência por uma década.

A Eldorado produz 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano. A Fibria opera com a capacidade instalada de 1,3 milhão de toneladas. De olho no mercado mundial, as duas planejam construir uma segunda linha para dobrar a produção.

“A disputa jurídica não deverá comprometer o investimento de R$ 8 bilhões na construção da terceira fábrica de celulose em Mato Grosso do Sul”, disse o governador, numa alusão à decisão da J&F Participações, que controla o frigorífico JBS e a Eldorado Celulose de recorrer ao STJ para impedir a abertura da empresa em Ribas do Rio Pardo. 

A obra, a exemplo do conglomerado de Três Lagoas, deverá mobilizar 8 mil trabalhadores por um período de dois anos.André Puccinelli afirmou que a CRPE Holding, do empresário Márcio Celso Lopes, já obteve financiamento da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), no valor de R$ 730 milhões, e tenta viabilizar mais R$ 1,3 bilhão do BNDES. 

 

O projeto prevê início as obras em junho deste ano. A fábrica deve produzir 2 milhões de toneladas de celulose por ano. “Acredito que vai dar certo”, disse o governador. Esse novo projeto, diferente do conglomerado de Três Lagoas, começa a se estruturar pelos ativos florestais. A CRPE Holding já possui 60 mil hectares de eucalipto plantados na região de Ribas do Rio Pardo. Com os novos investimentos, o Estado deverá produzir 8 milhões de celulose por ano.

 

Controlador acionário já perdeu duas ações

A empresa J&F Participações já perdeu duas ações na briga pelo monopólio da celulose. MárioCelso Lopes, que idealizou o projeto da Eldorado e foi o presidente do Conselho de Administração da empresa, teria assinado termo de não com concorrência por 10 anos, mas restrito a um raio de 100 quilômetros. Ribas do Rio Pardo, sede do novo empreendimento, está a 235 quilômetros de Três Lagoas e a quase 300 quilômetros das duas unidades de celulose no município.

A Justiça em primeira instância e o Tribunal de Justiça de São Paulo negaram liminares para suspender o negócio. Agora é aguardada a decisão sobre novo pedido para suspender o investimento pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
 
A J&F também alega que o empresário não cumpriu o acordo porque seguiu plantando eucalipto antes mesmo da CRPE anunciar a instalação da fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo. A controladora da Eldorado insiste que o investimento anunciado fere a cláusula de não concorrência, pela qual teria pago quantia que excedia o valor da participação de Mário Celso na Eldorado.
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, a disputa judicial foi iniciada há um mês, depois que a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) aprovou, no fim de 2013, uma linha de financiamento de mais de R$ 730 milhões para a abertura de uma fábrica celulose no município de Ribas do Rio Pardo pela CRPE Holding.
Na semana passada o Tribunal de Justiça de São Paulo negou concessão de liminar ao grupo J&F, quando os desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo, que integram a 1ª Câmara de Direito Empresarial, entenderam que não havia pressa em conceder a liminar, porque o contrato assinado de compra e venda de participação da MCL na Eldorado, prevê indenização no caso de desrespeito à cláusula de não concorrência. Os desembargadores entenderam também que as atividades empresariais do grupo MCL parecem ter grande importância local, o que exigia sua manifestação nos autos.