Veículos de Comunicação

Três Lagoas

'Casarão Português' pode ser desapropriado

Prédio do antigo Consulado Português pode ser transformado em um museu da imigração

Prédio abrigou órgão do Consulado Português, em 1914, um ano antes da fundação da cidade - Arquivo/JPNews
Prédio abrigou órgão do Consulado Português, em 1914, um ano antes da fundação da cidade - Arquivo/JPNews

A Prefeitura de Três Lagoas estuda a possibilidade de desapropriar um imóvel de 400 metros quadrados que abrigou um órgão do Consulado Português, em 1914, um ano antes da fundação da cidade. O “Casarão Português”, que fica na rua Paraíba, no centro, pode ser transformado em museu da imigração ou outro espaço que preserve a identidade cultural do local e da cidade.

A possível desapropriação se deve a uma decisão judicial que obriga o município a restaurar o prédio, tombado em 2013 como patrimônio histórico do município.

A sentença de primeira instância saiu em outubro de 2015 e foi mantida pelo Tribunal de Justiça em agosto de 2016 – ambas decisões na gestão da ex-prefeita Márcia Moura (MDB). A ação foi movida pelo promotor de Justiça, Antônio Carlos Garcia de Oliveira ,responsável pela área do patrimônio público.

Pela decisão, a prefeitura deveria apresentar um projeto de restauração até o final de 2016. Em janeiro deste ano, a administração contratou a empresa Retrô Projetos de Restauro, com sede em Goiás, por R$ 137 mil, para elaborar um projeto do serviço no prazo de 90 dias, o que não ocorreu.  

O diretor municipal de Cultura, Rodrigo Fernandes, disse que uma arquiteta fez um levantamento e apontou o que precisa ser feito no prédio. Porém, o início de obras vai depender de decisão da prefeitura sobre a possível desapropriação. 

Para o prefeito Ângelo Guerreiro (PSDB), é mais viável ao município desapropriar. “Não é pouco dinheiro que vai para reformar o local. Então, estaríamos restaurando o prédio que não poderíamos usufruir”, justificou, adiantando que, poderá utilizar um recurso de compensação ambiental da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) para a restauração e desapropriação do imóvel. O valor total da compensação é de R$ 15 milhões. 

O custo de restauração e a possível desapropriação ainda não foram divulgados.

História
O casarão foi construído pelo vice-cônsul de Portugal no Brasil, Teotônio Mendes, pertence à sua família e é cuidado pelo neto Cláudio Mendes Pauliquevis. No início do século passado, o prédio era usado para a regularização de documentos de imigrantes portugueses, e recebeu autoridades e visitantes estrangeiros até por volta de 1950.

Até o final de 2015, Cláudio Pauliquevis morava no imóvel para ajudar em sua preservação. Ele disse à reportagem, na época, que a família não podia reformar o prédio porque havia sido tombado, que a restauração estava longe do alcance financeiro dos herdeiros e que a desapropriação era “mais interessante”.