O absenteísmo nos serviços de saúde tem se consolidado como um dos principais desafios enfrentados pela gestão municipal em Três Lagoas. Segundo a secretária de Saúde, Juliana Salim, cerca de 40% dos pacientes deixam de comparecer a consultas, exames e procedimentos agendados. Esse comportamento tem impacto direto na eficiência da rede, já que as vagas ociosas não se consegue preenchê-las em tempo hábil, prejudicando o acesso de outros usuários que aguardam por atendimento.
Um exemplo recente é o serviço de mamografia. Retomado nesta semana em parceria com o Hospital Auxiliadora, registra média de dez exames por dia. No entanto, dos 48 exames agendados, 18 não foram realizados porque as pacientes não compareceram. A secretária reforça o pedido para que, em caso de impossibilidade, as vagas sejam liberadas. “Quando alguém não comparece, volta para a fila original, mas a vaga fica ociosa, fato que compromete a qualidade do atendimento”, alertou.
Os dados apresentados no relatório do segundo quadrimestre confirmam a gravidade dessa situação. Na Atenção Primária, o número de faltas ainda é expressivo. Só nos serviços odontológicos, por exemplo, foram registrados 1.903 casos de absenteísmo entre maio e agosto, além de 12.333 consultas realizadas e mais de 21 mil procedimentos executados.
A situação se repete nas clínicas especializadas. A Clínica da Mulher contabilizou 907 ausências no período, enquanto a Clínica da Criança teve 1.932 faltosos. Já o Centro de Especialidades Médicas, que concentra grande parte da demanda, registrou quase 4 mil pacientes que não compareceram às consultas, além de 1.081 ausências em exames
Na rede de saúde mental, os números também chamam atenção. O relatório mostra que o absenteísmo cresceu, foram 1.837 faltas registradas no segundo quadrimestre, contra 1.264 no mesmo período do ano passado. O ambulatório de saúde mental, sozinho, teve 992 pacientes que não compareceram.
O reflexo desse cenário, conforme a secretária, é a sobrecarga na regulação, responsável por organizaragendamento de consultas, exames e procedimentos. Entre maio e agosto, 700 cirurgias eletivas foram executadas, mas outras 652 deixaram de ser realizadas por ausência dos pacientes.
Além de comprometer a programação da rede, as ausências elevam custos e reduzem a efetividade dos recursos. No quadrimestre, a Secretaria de Saúde empenhou R$ 190,4 milhões e liquidou R$ 161,2 milhões em despesas com ações e serviços públicos
Para reduzir as faltas, a gestão municipal estuda adotar novas estratégias. Entre elas estão o uso de ferramentas digitais de aviso, o reforço na comunicação direta com os usuários e a participação dos conselhos de bairro no processo de conscientização. “Precisamos da adesão da população para garantir que todos tenham acesso ao serviço que está sendo ofertado”, disse.