A hipertensão, conhecida como “doença silenciosa”, é um problema de saúde pública em Três Lagoas, com 16 mil casos registrados. O preocupante é que a condição vem afetando cada vez mais jovens e até crianças, alertam especialistas.
Consequências Silenciosas e Prevenção
O aposentado Antônio Arcanjo, de 70 anos, descobriu a hipertensão ao se preparar para uma cirurgia e, posteriormente, sofreu um AVC.
“Tive até um AVC, acho que por conta disso. Tempos atrás a pressão subiu muito e aí, aqui nesse postinho mesmo, a pessoa que me atendeu falou, ah, não, mas sua pressão tá muito alta, não pode nem ir pra casa, você tem que ficar por aqui até ver como fica. Aí eu dei um tempo, me deram medicamento, aí baixou um pouco, mas eu fui buscar recursos nos médicos e aí a gente tá fazendo tratamento, sabe? E agora eu estou bem, estou acompanhando certinho, tá estável”, relatou.
Já a pensionista Maria das Neves, de 62 anos, mantém-se vigilante para não desenvolver a doença. Ela faz exames de rotina regularmente e adota hábitos saudáveis:
“Tem que estar sempre se cuidando, né? Por isso que graças a Deus tem aqui o posto, né? Saúde pública. Sempre que a gente pode, vem aqui e a gente vem, né? Então, tem que procurar se cuidar. Eu procuro evitar comer coisa salgada. Porque uma vez ou outra a gente exagera um pouquinho, né? Mas eu evito. E não gosto de fritura, não como fritura. Refrigerante também não tomo, muito difícil. Eu gosto de coisas naturais”.
Fatores de risco e alerta para os mais jovens
A hipertensão é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, como infarto e AVC. O médico João Nogueira explica que a doença pode se manifestar sem sintomas, por isso a importância do diagnóstico precoce.
“A hipertensão arterial é uma das doenças mais prevalentes do mundo, sendo a principal causa de morte do mundo, porque ela predispõe infarto, derrame, arritmia. A hipertensão pode levar a doenças graves, perda da visão, chamada retinopatia hipertensiva, pode levar a perda dos rins pela doença renal hipertensiva, então é uma doença perigosíssima porque ela é silenciosa, causa consequências muito graves, podendo levar até a morte por infarto ou algum outro motivo e que precisa ser tratada com muito rigor e muito compromisso por parte dos pacientes”, alerta o médico.
Nogueira expressa preocupação com o aumento de diagnósticos em crianças e adolescentes. Ele atribui esse cenário à mudança de hábitos alimentares e ao sedentarismo.
“As pessoas estão abandonando aqueles hábitos de alimentação saudáveis, com legumes, verduras, proteínas de origem animal, para uma alimentação baseada em alimentos industrializados, alimentos com um teor muito alto de sal, de gorduras, aqueles ditos os fast foods, os sanduíches, enfim. Cada vez vivendo mais sedentários, evitando atividade física. Então, esse aumento do peso, essa epidemia de obesidade na população geral, tem feito com que a hipertensão fique cada vez mais frequente”, analisa.
Ele também destaca o uso inadequado de substâncias por jovens para fins estéticos.
“Crianças têm procurado atenção com alguns colegas pediatras cada vez com o peso um pouquinho acima e com alterações dos níveis de pressão, né? Adolescentes, adultos, jovens que por ventura se expõem a reposição hormonal ou o uso de até anabolizantes no cenário de academia para fins estéticos, sem a orientação médica adequada. Então a gente tem visto cada vez mais pessoas jovens com diagnóstico de hipertensão exatamente por isso”.
Diante desse cenário, a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais. Manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas regularmente e realizar exames de rotina são atitudes essenciais para combater a hipertensão e garantir uma vida mais saudável.