
A estudante de administração Ana Clara Lacerda, de 23 anos, costuma seguir a pé todos os dias de casa para o local onde trabalha. Ela sai por volta de 6h30 e caminha até o estágio, em uma empresa de alimentos, distante 13 quadras. Para economizar, ela optou em deixar o carro na garagem – um hábito que mudou há duas semanas, depois que Ana Clara foi atacada por um ladrão. Ele exigiu que universitária entregasse a bolsa. Ao se recusar, a moça foi agredida.
O assaltante empurrou e Ana caiu ao chão, antes de levar um tapa. Em seguida, agarrou a bolsa e fugiu. Até hoje não foi identificado. “Foi horrível. Há mais de um ano faço o mesmo percurso e nunca fui atacada. Agora, não tenho mais coragem de andar a pé e fico imaginando o tempo todo que ele [ladrão] vai voltar a qualquer momento e me machucar”, contou à reportagem.
O assalto ocorreu no bairro Vila Haro, zona Sul de Três Lagoas, e Ana Clara integra a lista de 31 mulheres assaltadas em ruas, avenidas, em plena luz do dia, entre os meses de janeiro e a primeira semana de abril, na cidade.
ESTATÍSTICA
Todos os casos de violência resultaram em boletins de ocorrência registrados pela Polícia Militar e encaminhados às delegacias para investigação. A quantidade de ataques a mulheres representa 47% do total de ocorrências de roubo, na cidade, que soma 65 e também envolve invasão a estabelecimentos comerciais e residências.
“De acordo com os nossos levantamentos, verificamos que a maior parte dos roubos foi contra mulheres, que têm menor chance de reagir a esse tipo de violência. Constatamos que o número de abordagens a mão armada diminuiu neste trimestre. Em consequência, quando se refere às vítimas mais frágeis, que são as mulheres, aumentou”, avaliou o comandante do 2º Batalhão da PM, major Ênio de Souza.
Em muitos casos, os suspeitos são identificados e presos. No entanto, na maioria das ocorrências, eles continuam como desconhecidos, como no caso de Ana Clara. Somente neste ano, 20 pessoas foram presas por envolvimento a assaltos na cidade. A Polícia Militar informou que mapeia a cidade para identificação de índices de criminalidade por bairros. Os dados não são divulgados por questão de segurança.