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Três Lagoas

Período de chuvas favorece aumento da infestação de caramujo africano

Problema com o molusco atinge a todos os bairros e até a zona rural, com risco elevado de transmissão de doenças graves

Em uma residência do bairro Vila Nova, o surgimento dos caramujos ocorre o ano todo; umidade elevada por causa das chuvas favorece a procriação do molusco - Ilustração
Em uma residência do bairro Vila Nova, o surgimento dos caramujos ocorre o ano todo; umidade elevada por causa das chuvas favorece a procriação do molusco - Ilustração

Com o período de chuvas, a população de Três Lagoas também precisa lidar com outro problema: o aumento nos casos de aparecimento dos caramujos africanos. De acordo com o coordenador do Núcleo de Educação e Saúde, Fernando Garcia, nos últimos dias, aumentaram substancialmente as chamadas por parte da população em decorrência do surgimento do molusco.
“Temos recebido muitas reclamações da população, por meio de telefone, WhatsApp, ou até mesmo através dos agentes de saúde por conta dos caramujos. Hoje, os casos são registrados em todos os bairros da cidade, incluindo até a zona rural, sítios no entorno da cidade, onde antes não havia registros”, completou Garcia.
O coordenador explicou que o aumento deve-se ao clima de Três Lagoas e à quantidade de grandes áreas sombreadas existentes na cidade. Esses caramujos, completou, são sensíveis ao sol e calor. Então, se aproveitam de áreas sombreadas e úmidas para se reproduzir.
Na casa de um estudante de 19 anos, o surgimento dos moluscos é comum durante todo o ano. Morador do bairro Vila Nova, ele conta que encontra caramujos em casa com frequência. Somente em uma noite, o estudante contou 27 caramujos no quintal. 
 “Três Lagoas tem grandes terrenos, com áreas sombreadas, que ajudam na proliferação desse molusco, que se reproduz com muita rapidez”, completou Fernando. Um único caramujo é capaz de colocar até 300 ovos.
Para prevenir o surgimento desse molusco, o indicado é manter quintal limpo e arejado, sem a presença de folhas ou outros materiais em decomposição. Caso já haja caramujos na residência, o coordenador de Educação e Saúde, orienta que os moluscos sejam recolhidos manualmente (com as mãos protegidas por luvas ou sacos plásticos), colocados em saco plástico. “Nesse saco, pode-se jogar sal e depois fechar bem e colocar para a coleta pública de lixo”, completou.
Fernando também alerta para que não se esmague o caramujo, para evitar que o muco seja lançado no solo, e também não jogar sal no solo por conta do risco de contaminação. Além disso, a casca do caramujo, se deixada ao ar livre, pode servir para a proliferação de pernilongos e do mosquito Aedes aegypti. 

DOENÇAS
A preocupação com o caramujo africano, introduzido no Brasil na década de 1980 pelo Paraná e hoje presente em outros 22 Estados, deve-se ao fato que o molusco ser hospedeiro de duas espécies de vermes que podem causar sérias doenças. A primeira delas é a Angiostrongylus costaricensis, responsável pela angiostrongilose abdominal, doença que provoca perfuração intestinal, de sintomas semelhantes aos da apendicite. Segundo Fernando, não há registro dessa doença em Mato Grosso do Sul, mas já houve casos no Sul do país.
A outra doença, ainda mais grave, é a Angiostrongylus cantonensis, responsável pela angiostrongilíase meningoencefálica, de sintomas variáveis, mas muitas vezes fatal. Não há registro dela no país.
“A contaminação se dá pelo muco que ele solta. Por isso, é importante nunca tocar um caramujo com as mãos desprotegidas, e caso haja hortas em casa, lavar muito bem as hortaliças e as verduras”, reforçou Fernando Garcia.