Tratamento. Esse seria um mecanismo que poderia ajudar a diminuir a violência contra a mulher. A ideia é da delegada da Delegacia da Mulher de Três Lagoas, Leticia Mobis Alves. Para ela, casos como o da empregada de serviços gerais, Edilaine Falchete, 35 anos, assassinada na última sexta-feira, dia 23, pelo ex-marido Ednaldo Pereira Magalhães, em um conjunto empresarial na avenida Eloy Chaves, poderiam ser evitados.
“Em minha opinião a Lei deveria prever algo para o tratamento do agressor. A maioria dos casos é devido ao alcoolismo ou problemas psicológicos. Deveria ser feito um acompanhamento desses agressores tanto na parte do vício, como na psicológica. É o que falta para esses homens”, destacou a delegada.
O processo natural nos casos de violência contra a mulhere é apenas teórico. “Depois de serem ouvidas, vemos se elas têm direito a algumas medidas e as oferecemos. A mulher quem decide. Muitas recuam e voltam atrás”, disse Leticia. As medidas mencionadas são afastamento, no caso do marido, e o ex é obrigado pela Justiça a ficar a uma distância determinada da mulher, sob pena de prisão em caso de descumprimento da medida.
Algo mais prático não teria como ser feito, segundo a delegada. “Imagina se cada mulher que registrar um Boletim de Ocorrência, tivéssemos que colocar um policial para protegê-la. Quantos teriam que existir no contingente? Impossível”, salientou Leticia. No caso da empregada, ao registrar o Boletim de Ocorrência, Edilaine solicitou que todas as medidas fossem tomadas. O ex-marido chegou até a ser preso.
“O procedimento foi feito no dia 13. Dia 19, descobrimos que o ex tinha um mandado de prisão contra ele. Mas só que era em regime aberto. Nós o ouvimos e liberamos em seguida. Não sei se a papelada já havia sido despachada, até porque quem recebe primeiro é a mulher e o agressor. A Delegacia da Mulher recebe por último, bem depois. Neste caso, por exemplo, ainda não recebemos nada”, salientou.
NÚMEROS
O número Boletins de Ocorrência, registrados por mulheres agredidas é considerado alto pela delegada. Segundo informações da própria Delegacia da Mulher, a média por mês em Três Lagoas chega a 70 este ano. “É um número realmente elevado. É muita coisa para uma cidade que no máximo chegou a 100 mil habitantes”, comentou a delegada.
“Outro problema é que a Lei é muito boa na teoria, só que na prática, a maioria delas desiste mesmo porque não quer ver o agressor preso. Apenas que ele pare de agredi-la”, finalizou. A grande maioria dos Boletins é registrado por abuso ou violência sexual, vias de fato, ameaça e lesões corporais.