
A fase de licitações da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-3), em Três Lagoas, avançou com a abertura dos envelopes dos primeiros pacotes de obras, etapa que segue até o fim de dezembro. A Petrobras projeta concluir o empreendimento até o final de 2029, prazo considerado conservador pela diretoria.
Os envelopes começaram a ser abertos na semana passada, outros três nesta segunda-feira (1º) e os demais até o fim de dezembro, dando continuidade ao cronograma estabelecido pela estatal.
A estatal optou por fatiar as entregas em diferentes licitações. O modelo amplia a inclusão de fornecedores, aumenta a concorrência, reduz preços e fortalece a estratégia de estímulo às cadeias produtivas locais. Os lotes contemplam serviços de drenagem, pavimentação e RACI; prédios administrativos, laboratórios e oficinas; seção LT 138 kV e subestação de entrada; interligações; sistemas de águas e efluentes; energia; amônia e estocagem; ureia melt e granulação; estocagem e expedição; sistema de manuseio e pacote de automação.
RETOMADA
A retomada física das obras deverá ocorrer apenas em 2027. A previsão inicial era concluir a contratação das empresas executoras em 2025, mas o fechamento da concorrência tende a ocorrer apenas no primeiro trimestre de 2026.
A companhia reforçou o planejamento ao divulgar, na última sexta-feira (28), o Plano Estratégico 2050 (PE 2050) e o Plano de Negócios 2026-2030. O segmento de fertilizantes recebeu destaque no planejamento, que prevê US$ 15,8 bilhões em investimentos em Refino, Transporte, Comercialização, Petroquímica e Fertilizantes, incluindo a retomada da planta localizada em Três Lagoas.
Segundo a diretoria, o avanço das licitações está dentro do programado. A abertura dos pacotes tem mostrado ampliação da concorrência, onde antes havia um ou dois proponentes por lote, agora surgem cinco participantes. O movimento é avaliado pela diretoria como favorável para redução de custos e aumento da segurança contratual.

CONCLUSÃO
O cronograma atualizado posiciona a conclusão da UFN-3 para 2029. No entanto, a Petrobras admite possibilidade de antecipação para 2028, caso o ritmo das licitações e da futura execução mantenha regularidade. A direção reforça que prefere projeções prudentes, evitando estimativas que possam resultar em atrasos.
A readequação do calendário ocorreu após forte demanda simultânea de licitações no segmento de downstream (etapas subsequentes de um processo) no ano passado. Diante da limitação de capacidade do mercado, a Petrobras escalonou prioridades. Primeiro a Refinaria Abreu e Lima (Renest), depois o Projeto Boaventura e, por último, a UFN-3.
O Conselho de Administração da Petrobras aprovou a retomada do projeto em outubro do ano passado, após revisão que confirmou a viabilidade econômica. O investimento estimado para conclusão é de aproximadamente R$ 3,5 bilhões. Em paralelo, Fafen-BA, Fafen-SE e Araucária Nitrogenados (ANSA) receberão aportes voltados à continuidade operacional.
Jaime Verruck vê impacto do adiamento, mas considera estratégica a permanência da UFN-3 no plano da Petrobras

Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, o plano de negócios 2026–2030 da Petrobras foi recebido com preocupação inicial pelo governo de Mato Grosso do Sul, devido ao caráter conservador das projeções e à priorização de investimentos em óleo, gás e descarbonização. Verruck afirmou que havia apreensão quanto à manutenção da política de fertilizantes no planejamento da estatal, mas destacou que a confirmação da inclusão da UFN-3, assim como das unidades da Fafen-SE, Fafen-BA e ANSA (PR), trouxe segurança ao setor.
Verruck observou que o cronograma apresentado indica início da produção da UFN-3 apenas em 2029, o que projeta início das obras, na prática, para 2027. O secretário avalia que o prazo frustra expectativas de ativação mais rápida da economia regional e adia a redução da dependência nacional de ureia importada para 2030. Ainda assim, considera positiva a decisão da Petrobras de manter o projeto entre as prioridades do plano.
Ele acrescentou que os processos licitatórios estão em andamento e que a estatal estima investimentos superiores a US$ 800 milhões para finalizar o empreendimento. Segundo Verruck, há possibilidade de lançamento do projeto em 2026 e início efetivo das obras em 2027, com conclusão alinhada ao cronograma de 2029.
O secretário também destacou avanços relacionados ao abastecimento de gás natural, após autorização para importação de volumes adicionais da Argentina via Gasbol. A medida, segundo ele, afasta o risco de restrições de gás na fase operacional da UFN-3.
PARALISAÇÃO
As obras da UFN-3 começaram em 2011 e estão paralisadas desde 2014, com 81% da estrutura concluída. O projeto prevê capacidade anual de produção de 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil toneladas de amônia, com localização estratégica para atendimento a regiões agrícolas de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e São Paulo.
