
São tipos de queixas que geralmente as pessoas reportam como “coisas da idade”. Entretanto, se alguma pessoa de suas relações esquecer o caminho de casa ou não se lembrar de jeito algum, ou só com muito esforço, de um fato que aconteceu, procure um médico.
O filme “Para sempre Alice”, que rendeu o Oscar de Melhor Atriz a Julianne Moore, em 2015, coloca a doença de Alzheimer sob os holofotes e discute o desenrolar da progressiva perda cognitiva. No enredo do filme, a doença dá seus primeiros sinais através de lapsos de memória. Na vida real, é comum confundi-los com algumas das consequências normais do envelhecimento ou até mesmo do estresse.
Mas, afinal, o que é a doença de Alzheimer?
O geriatra Sidney Júnior resume a doença como uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas que pode ser tratada. Quase todas suas vítimas são pessoas idosas, talvez por isso a doença tenha ficado erroneamente conhecida como “esclerose ou caduquice”.
Doutor, por que a doença ocorre?
– Não se sabe por que a doença de Alzheimer ocorre, mas são conhecidas algumas lesões cerebrais características dessa doença.
As duas principais alterações que se apresentam são as placas senis decorrentes do depósito de proteína beta – amiloide, anormalmente produzida, e os emaranhados neurofibrilares, frutos da hiperfosforilação da proteína tau.
Outra alteração observada é a redução do número das células nervosas (neurônios) e das ligações entre elas (sinapses), com redução progressiva do volume cerebral.
Estudos recentes demonstram que essas alterações cerebrais já estariam instaladas antes do aparecimento de sintomas demenciais, por isso, quando aparecem as manifestações clínicas que permitem o estabelecimento do diagnóstico, diz-se que teve início a fase demencial da doença.
Quais são os sinais da doença de Alzheimer?
– É comum que a perda da memória seja o primeiro sintoma a ser percebido, mas não necessariamente é o primitivo que se manifesta. Outros sintomas podem aparecer logo no início da doença, como a instabilidade emocional, mudanças comportamentais, dificuldades de concentração ou motoras, dificuldade de tomar decisões e de realizar tarefas que eram facilmente executadas anteriormente. Esses sintomas podem ser confundidos com o estresse ou fadiga, o que pode dificultar sua identificação.
Ao perceber mudanças e perdas, é importante que o paciente passe por uma avaliação médica com um clínico geral ou que procure especialistas em neurologia, geriatria e psiquiatria.
O paciente com Alzheimer pode apresentar:
. Perda de memória recente com repetição das mesmas perguntas ou dos mesmos assuntos.
. Esquecimento de eventos, de compromissos ou do lugar onde guardou seus pertences.
.Dificuldade para perceber uma situação de risco, para cuidar do próprio dinheiro e de seus bens pessoais, para tomar decisões e para planejar atividades mais complexas.
. Dificuldade para se orientar no tempo e no espaço.
. Dificuldade em reconhecer faces ou objetos comuns, podendo não conseguir reconhecer pessoas conhecidas.
. Dificuldade para manusear utensílios, para vestir-se e em atividades que envolvam autocuidado.
. Alteração do apetite com tendência a comer exageradamente ou, ao contrário, pode ocorrer diminuição da fome.
. Agitação noturna ou insônia com troca do dia pela noite.
. Alucinações visuais (ver o que não existe) ou auditivas (ouvir vozes) podem ocorrer, sendo mais frequentes da metade para o final do dia.
. Alterações no comportamento ou na personalidade: pode se tornar agitado, apático, desinteressado, isolado, desinibido, inadequado e até agressivo.
Qual o tratamento?
O tratamento farmacológico da doença de Alzheimer pode ser definido em quatro níveis:
1 – Terapêutica específica, que tem como objetivo reverter processos patofisiológicos que conduzem à morte neuronal e à demência;
2 – Abordagem profilática, que visa a retardar o início da demência ou prevenir declínio cognitivo adicional, uma vez deflagrado processo;
3 – Tratamento sintomático, que visa restaurar, ainda que parcial ou provisoriamente, as capacidades cognitivas, as habilidades funcionais e o comportamento dos pacientes portadores de demência;
4 – Terapêutica complementar, que busca o tratamento das manifestações não-cognitivas da demência, tais como depressão, psicose , agitação psicomotora, agressividade e distúrbio do sono.
O tratamento da doença de Alzheimer envolve estratégias farmacológicas e intervenções psicossociais para o paciente e seus familiares.
Além de todas as orientações desta consultoria, é sempre importante nunca se automedicar e sempre procurar um profissional para atendimento.