
Uma manifestação organizada por mães atípicas e motoentregadores contra a gestão da prefeita Adriane Lopes (PP) terminou em confronto com a Guarda Civil Metropolitana na noite de sábado (29), na rua 14 de Julho, região central de Campo Grande. Segundo participantes, a confusão começou quando o grupo se aproximava do lançamento do evento “Natal dos Sonhos”. Durante a ação uma mulher foi empurrada e caiu no chão e um homem detido.
O ato reuniu cerca de 40 pessoas. A mulher derrubada, identificada como Elisângela Silva de Souza, 43, registrou boletim de ocorrência. Com a queda no asfalto ela sofreu escoriações.
O secretário municipal de Segurança e Defesa Civil — que também comanda a Guarda — acompanhava a operação. Um dos organizadores, o professor Washington Pagane, disse ter sido preso após se identificar às autoridades. Ele acusa os guardas de apreenderem celulares para impedir filmagens e de formar um cordão para bloquear registros. Pagane afirma que ficou algemado por três horas antes de ser liberado no fim da noite.
Nas redes sociais, o professor detalhou a abordagem. Disse que a manifestação transcorria de forma pacífica quando, segundo ele, guardas começaram a tomar celulares “sem motivo”. Pagane relata que o secretário o chamou de “peitudo”, o xingou e ordenou sua prisão. Ele afirma ter sido agarrado, empurrado e agredido com cacetetes, enquanto os agentes formavam um círculo para impedir gravações.
Ao todo, dois homens foram detidos por desacato e liberados no domingo (30). A prefeitura informou que um dos detidos portava um canivete e que cerca de 10 mil pessoas — em grande parte famílias — acompanhavam a abertura da programação de Natal na Rua Cândido Mariano.
A reação política veio no dia seguinte. A vereadora Luiza Ribeiro (PT) classificou a ação da Guarda como “barbaridade” e afirmou que apresentará requerimento para convocar o secretário de Segurança à Câmara. Ela quer que o município esclareça se a ordem de dispersão partiu do secretário ou da própria prefeita. Também criticou a gestão Adriane por problemas em áreas como saúde, iluminação e infraestrutura.
Em nota, a prefeitura disse que os guardas agiram para garantir a segurança do evento e que os manifestantes foram orientados a se afastar antes da contenção. A administração não comentou as denúncias de agressão nem os relatos sobre apreensão de celulares.