Mato Grosso do Sul começa a incluir agricultores familiares no mercado de carbono, historicamente dominado por grandes empresas e países, ao transformar práticas agroflorestais em créditos comerciais de carbono, através do Programa Agroflorestar MS – Carbono Neutro. O programa que integra cerca de 800 produtores em 2.000 hectares, oferece renda adicional e promove restauração ambiental, monitoramento digital e certificação simplificada, antes inacessível devido a custos administrativos elevados.
Inclusão de agricultores familiares no mercado de carbono
A plataforma ACORN (Agroforestry CRUs for the Organic Restoration of Nature), desenvolvida pelo Rabobank em parceria com a Plan Vivo, utiliza sensoriamento remoto para medir o crescimento da biomassa vegetal, automatiza todo o processo de validação e comercializa os créditos de carbono, permitindo que pequenos produtores recebam pelo trabalho sem depender de auditorias presenciais caras ou consultores especializados.
O programa atende a uma necessidade urgente: agricultores familiares sentem diretamente os efeitos das mudanças climáticas, como secas prolongadas, enchentes recorrentes e ondas de calor e frio que afetam os ciclos de plantio e ameaçam a produção. Ao mesmo tempo, a tecnologia permite que essas propriedades, mesmo pequenas, contribuam para sequestrar carbono, reforçar estoques de espécies frutíferas e madeiras nativas e incentivar a sucessão familiar em comunidades tradicionais, incluindo indígenas, quilombolas e assentamentos
COP30 e potencial climático
A iniciativa em MS conecta produção local à agenda global de redução de gases de efeito estufa, alinhando-se às metas nacionais de corte de 59% a 67% das emissões até 2035. Com base em práticas agroecológicas e sistemas agroflorestais, cada hectare monitorado gera créditos de carbono certificados, negociáveis no mercado voluntário, oferecendo retorno financeiro direto aos produtores
O programa também será destaque na COP30, em Belém, no MS Day, onde serão apresentadas soluções que ligam a produção familiar à mitigação climática e demonstra que pequenas propriedades podem representar um potencial gigantesco de sequestro de carbono e contribuir significativamente para a eficácia das políticas climáticas brasileiras.