Com a intensificação dos casos de arboviroses em Mato Grosso do Sul, o uso das ovitrampas — armadilhas que capturam ovos dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus é uma etratégia utilizada para conter o avanço das doenças. A técnica foi tema de encontro estadual realizado entre 28 e 30 de julho em Ponta Porã, reunindo técnicos de todas as regiões do estado.
Atualmente, 32 municípios sul-mato-grossenses já utilizam a ferramenta, considerada de baixo custo, sensível e eficaz para apontar com precisão áreas com maior infestação. Com base nos dados gerados, é possível criar mapas de calor que orientam as equipes de campo em ações localizadas, como eliminação de criadouros e, quando necessário, aplicação de inseticidas.
Casos
Em Amambai, onde as armadilhas são utilizadas desde 2011, o número de ovos coletados em todo o ano de 2024 foi de 311 mil. Já nos primeiros seis meses deste ano, já foram coletados mais de 270 mil ovos, impedindo sua eclosão. “A gente direciona as ações para os locais onde têm maior infestação do vetor, investiga o porquê desse alto índice de ovos de Aedes, faz a eliminação e o controle mecânico dos criadouros e, se necessário, realiza controle químico – que seria nossa última opção, e faz uma ação de combate em áreas que registraram notificações de arbovirores”, explica Sinthia Maciel Neves Jara, Coordenadora de Vigilância em Saúde.
Já em Caarapó, a metodologia permitiu identificar focos de infestação em áreas até então negligenciadas, como a comunidade indígena Tey’ikuê. Segundo o coordenador de Controle de Endemias, Ivo Benites, havia a crença de que os casos de dengue na aldeia eram importados da cidade. “A partir da instalação das ovitrampas, conseguimos confirmar que a infestação do mosquito Aedes aegypti ocorre na própria aldeia — ou seja, a transmissão é local. A partir disso, deflagramos ações em parceria com a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) e SES, incluindo treinamentos e reforço na implantação do projeto”.
O município de Caarapó começou a utilizar ovitrampas em 2023 e, desde então, já contabiliza a retirada de mais de 136 mil ovos do mosquito Aedes. No primeiro ano de uso, foram coletados mais de 20 mil ovos, em 2024, o número subiu para 76.746 e até o final de junho deste ano, outras 38.469 unidades foram recolhidas. O índice de positividade das armadilhas no município — ou seja, a proporção daquelas que apresentaram ovos em relação ao total instalado — chegou a 66,56%.
Ferramenta que substitui o LIRAa
Em Deodápolis, a coordenadora de vetores, Juliane Lopes, afirma que os mapas de calor gerados pelas armadilhas são mais precisos que o tradicional LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti) e já é usada tanto na sede do município quanto em distritos como Lagoa Bonita, com planos de expansão para outras localidades.
Além da detecção precoce, a armadilha ajuda a medir o impacto das ações de controle em tempo real e permite respostas mais rápidas e eficientes frente ao avanço de doenças como dengue, zika e chikungunya.
*Com informações da SES