
O câncer de próstata pode ter chance de cura de até 98%, dependendo do tipo de tumor e do estágio em que o tratamento é iniciado. A estimativa é do supervisor de robótica do Departamento de Terapia Minimamente Invasiva da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Gilberto Laurino Almeida.
Segundo o médico, “no início da doença, a chance de cura é alta. Se foi tratado com a doença em estágio mais avançado, a chance é menor”.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) prevê 71.730 novos casos da enfermidade no Brasil este ano. Em 2023, 17.093 homens morreram em decorrência do câncer de próstata, média de 47 mortes por dia.
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Almeida destaca que o cuidado precisa começar antes dos sintomas:
“Não é só a próstata. Tem todo um conceito de saúde por trás disso tudo. É a saúde do homem que está em jogo; não só a saúde da próstata. Para viver mais, o homem precisa se cuidar mais.”
O médico reforça que o diagnóstico precoce é determinante, e que muitos homens ainda relutam em procurar atendimento especializado:
“E se o homem não estiver inserido nesse contexto, claramente ele vai perder anos de vida por algumas doenças que são evitáveis, como o câncer de próstata. A cura, como falei, chega a até 98%, mas, para isso, tem que ser diagnosticado no estágio inicial.”
Robótica no SUS ainda enfrenta barreiras
A prostatectomia assistida por robô foi incorporada ao SUS para casos clinicamente avançados, mas Almeida avalia que a aplicação será lenta:
“Embora todos nós tenhamos consciência de que essa tecnologia é excelente e que deva entrar no SUS para acesso dos pacientes e benefício deles, a gente entende claramente que o momento foi um pouco no atropelo para isso acontecer porque não existe robô no SUS para atender esses pacientes. Ou existem poucos.”
Ele afirma que a adoção do método envolve custos elevados e tempo de adaptação da rede:
“Até os hospitais poderem comprar (os equipamentos), instalar, treinar as equipes, isso demora muito. Então, hoje existe esse gap (lacuna) entre o que foi aprovado e o que, realmente, vai acontecer e que nós, de fato, não sabemos.”
O especialista também alertou:
“E nem todos vão ter acesso.”
Almeida lembra que há cirurgias aprovadas anteriormente no SUS que ainda não são realidade por falta de regulamentação e insumos:
“Existem outras cirurgias que foram introduzidas no âmbito do SUS e até hoje não ocorreram porque essas cirurgias demandam equipamentos, demandam materiais que são descartáveis. Tudo isso ainda não foi normatizado, nem regularizado.”
Tecnologias e resultados
O urologista afirma que a cirurgia robótica proporciona maior precisão e visão 3D ao profissional, além de menor invasividade — mas reforça que a condição é altamente tratável mesmo sem tecnologia avançada, se diagnosticada cedo:
“A gente, pegando um tumor na fase inicial, cura a maioria deles.”
*Com informações da Agência Brasil