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Celulose solúvel abre nova fase industrial em Mato Grosso do Sul

Com investimento de R$ 16 bilhões, Bracell aposta em mercado de fibras têxteis e amplia diversificação produtiva no estado

Bracell tem áreas de florestas plantadas e agora terá uma indústria de celulose em MS - Foto: Arquivo/RCN67
Bracell tem áreas de florestas plantadas e agora terá uma indústria de celulose em MS - Foto: Arquivo/RCN67

O município de Bataguassu, na região leste do estado, vai receber uma nova fábrica da Bracell, com investimento estimado em R$ 16 bilhões. O empreendimento foi confirmado nesta terça-feira (6), durante reunião entre representantes da empresa e autoridades estaduais, e será a primeira unidade do estado voltada à produção de celulose solúvel — insumo usado principalmente pela indústria têxtil.

O projeto prevê uma planta com capacidade para produzir até 2,8 milhões de toneladas por ano. Além da celulose solúvel, há possibilidade de operação em formato misto, incluindo também a produção de celulose kraft, voltada à fabricação de papel e embalagens.

A previsão é que a nova unidade coloque Mato Grosso do Sul em uma posição estratégica em um mercado de alto valor agregado e crescente demanda por produtos sustentáveis.

O anúncio veio acompanhado da assinatura de um termo de concessão de incentivos fiscais, apontado pela empresa como condição fundamental para garantir segurança jurídica e viabilizar o empreendimento.

Expansão na “Vale da Celulose”

A escolha por Bataguassu reforça o papel da Costa Leste como polo de desenvolvimento da indústria florestal. A região já concentra plantações de eucalipto, indústrias de processamento e estrutura logística em expansão.

Com o novo investimento, o setor de base florestal amplia sua presença e sinaliza um novo ciclo de diversificação produtiva.

De acordo com a Bracell, o licenciamento ambiental está em andamento. A empresa entregou ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) os estudos de impacto ambiental (EIA/RIMA) e aguarda a emissão da licença prévia até dezembro deste ano.

Celulose solúvel: diferencial técnico e de mercado

Diferente da celulose comum, a celulose solúvel exige maior controle técnico no processo de produção e é usada na fabricação de fibras como viscose, modal e lyocell — tecidos de origem vegetal com forte apelo sustentável.

A expectativa é que esse perfil produtivo atraia novos negócios e posicione o estado em cadeias globais de maior valor agregado.

Em declaração durante o encontro, o secretário de Desenvolvimento, Jaime Verruck, apontou a iniciativa como estratégica. “Esse tipo de celulose abre portas para cadeias produtivas mais sofisticadas e exportações com maior valor. É um passo importante para a diversificação da base industrial do estado”, afirmou.

Dados do setor florestal em MS

Mato Grosso do Sul responde por 24% da produção nacional de celulose e ocupa o segundo lugar no ranking de produção de madeira em tora no país. Atualmente, são 30 indústrias ativas e cerca de 7 mil trabalhadores diretamente ligados à cadeia florestal, segundo dados da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).

Desde 2015, o estado já atraiu R$ 125 bilhões em investimentos privados — sendo R$ 65 bilhões apenas na atual gestão. O setor de papel e celulose representa hoje 17,8% do Produto Interno Bruto industrial sul-mato-grossense, com mais de 26 mil empregos diretos e indiretos.

O cronograma para construção da fábrica ainda depende das etapas de licenciamento e ajustes operacionais, mas a expectativa é que o projeto impulsione a economia regional e reforce a posição de Mato Grosso do Sul como referência nacional no setor florestal.

*Com informações do Governo de MS