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Citricultura movimenta R$ 2,4 bilhões e muda o perfil agrícola de MS

Expansão de pomares e chegada de grandes grupos colocam o Estado em nova rota da produção de laranja

Expansão de pomares colocam o Estado em nova rota da produção de laranja - Foto:  Mairinco de Pauda
Expansão de pomares colocam o Estado em nova rota da produção de laranja - Foto: Mairinco de Pauda

A citricultura avança em ritmo acelerado em Mato Grosso do Sul e já concentra investimentos estimados em R$ 2,4 bilhões, consolidando-se como uma das principais apostas para a diversificação da base produtiva do Estado.

Projetos em andamento e em fase de prospecção somam cerca de 35 mil hectares, com expectativa de chegar a 50 mil hectares de pomares formados até 2030.

Atualmente, mais de 7 milhões de mudas já foram implantadas no território sul-mato-grossense. Embora ainda esteja fora do grupo dos maiores produtores nacionais — liderado por São Paulo, responsável por cerca de 78% da produção brasileira —, o Estado vive um processo consistente de expansão, sustentado por áreas disponíveis, condições climáticas favoráveis e localização estratégica.

Grandes grupos ampliam investimentos

Nos últimos anos, empresas de peso do setor passaram a direcionar investimentos para Mato Grosso do Sul. Um dos principais exemplos é a Cutrale, que já plantou grande parte de seus 5 mil hectares em Sidrolândia e projeta alcançar até 8 milhões de caixas por safra quando os pomares atingirem plena produção.

Além da Cutrale, outros grupos nacionais vêm ampliando operações no Estado, como Cambuy, Frucamp, Agro Terena, Citrosuco e Grupo Junqueira Rodas, além de produtores independentes que veem na citricultura uma alternativa para diversificação agrícola e geração de renda.

Solo, logística e sanidade impulsionam a atividade

O avanço da citricultura em Mato Grosso do Sul está associado a fatores estruturais que vão além do investimento financeiro. A disponibilidade de áreas antes ocupadas por pastagens, a qualidade do solo e a menor pressão sanitária em comparação a regiões tradicionais têm sido decisivos para a escolha do Estado como destino dos novos projetos.

Para o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, o crescimento da atividade reflete um ambiente favorável ao investimento.

“A citricultura representa uma nova fronteira agrícola para Mato Grosso do Sul. O Estado construiu uma base sólida de segurança jurídica e sanitária, o que tem dado confiança aos investidores”, afirmou.

Produtores destacam potencial e desafios

Produtores que já atuam no setor avaliam positivamente as condições encontradas no Estado. Proprietário da Fazenda Paraíso, em Três Lagoas, Eduardo Sgobi destaca a qualidade das áreas disponíveis.

“São pastagens com mais de 30 anos, sem uso intensivo de fertilizantes, o que mostra a vitalidade do solo e o potencial produtivo para a citricultura”, disse.

A empresária Sarita Junqueira Rodas, do Grupo Junqueira Rodas, afirma que o ambiente encontrado em Mato Grosso do Sul tem favorecido a expansão dos projetos iniciados em 2024.

“Hoje, nossos principais desafios são energia e mão de obra, mas acreditamos que isso será superado com capacitação”, explicou.

Segundo ela, a formação de mão de obra especializada tem avançado desde o início das operações, com destaque para a participação feminina. “Estamos treinando pessoas que nunca atuaram na agropecuária. Já contamos com mulheres operando tratores em nossas áreas”, completou.

Industrialização no horizonte

A expansão dos pomares também projeta novos desdobramentos econômicos. A expectativa é que, com o aumento da área produtiva e a consolidação da cadeia, Mato Grosso do Sul passe a atrair unidades industriais para processamento da laranja, agregando valor à produção local.

Hoje, praticamente toda a área plantada no Estado utiliza sistemas de irrigação, o que garante maior estabilidade produtiva. Combinados, os investimentos privados, a organização da cadeia e as condições naturais indicam que o Estado pode se tornar, nos próximos anos, um dos novos polos citrícolas do país, ampliando oportunidades no campo e fortalecendo a economia regional.

*Com informações da Semadesc