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SAÚDE

Com avanço da Rota Bioceânica, rede hospitalar de MS será reorganizada na região de fronteira

Plano aposta em regionalização para reduzir deslocamentos, ampliar especialidades e evitar sobrecarga em grandes centros

Plano aposta em regionalização para reduzir deslocamentos, ampliar especialidades e evitar sobrecarga em grandes centros - Foto: Saul Schram/Secom/Arquivo
Plano aposta em regionalização para reduzir deslocamentos, ampliar especialidades e evitar sobrecarga em grandes centros - Foto: Saul Schram/Secom/Arquivo

A reestruturação da rede de saúde na faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul entrou na pauta do Estado com mais força diante dos impactos previstos pela Rota Bioceânica. A expectativa de aumento populacional e de fluxo rodoviário, especialmente em cidades como Porto Murtinho e Ponta Porã, acendeu o alerta sobre a capacidade da atual estrutura hospitalar para responder à demanda.

Com base nisso, a Secretaria Estadual de Saúde propõe uma nova lógica de atendimento dividida por níveis. A ideia é que os municípios ofereçam atenção primária e consigam estabilizar casos urgentes, enquanto cirurgias e procedimentos de média complexidade fiquem concentrados em polos regionais.

Já os casos graves continuariam sendo encaminhados a centros como Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.

Ponta Porã terá papel central, e Porto Murtinho segue sem hospital de maior porte

A cidade de Ponta Porã, com cerca de 90 mil habitantes, está entre as que devem ganhar mais protagonismo. O município possui hospital regional com 127 leitos e capacidade para atendimentos cirúrgicos.

A Secretaria avalia ampliar especialidades como ortopedia, urologia e ginecologia, além da estrutura para videocirurgias.

Já em Porto Murtinho, que hoje não dispõe de serviços hospitalares de maior complexidade, a estratégia é reforçar a atenção básica. Casos mais graves deverão ser encaminhados via regulação para cidades de apoio, como Ponta Porã.

Cidades como Jardim, Bela Vista e Antônio João devem assumir parte dos atendimentos de média complexidade, formando cinturões de suporte em torno dos grandes centros hospitalares.

Rede será organizada por “cinturões” e transporte aeromédico deve ser reforçado

O novo modelo prevê a estruturação de “cinturões de média complexidade”, com municípios vizinhos assumindo cirurgias gerais, ortopedia e especialidades clínicas. A intenção é distribuir os atendimentos conforme o porte e as condições de cada cidade, reduzindo o envio de pacientes para hospitais superlotados e evitando deslocamentos desnecessários.

Outra frente do plano inclui o reforço do transporte aeromédico, considerado estratégico em um estado de grandes distâncias e áreas isoladas. O serviço deve ser ampliado para garantir agilidade no atendimento a pacientes graves, especialmente em localidades sem estrutura hospitalar adequada.

Desafios envolvem mais que obras: há limites de gestão e pessoal

Durante discussões técnicas, representantes da Secretaria têm frisado que a construção de hospitais não resolve, sozinha, os gargalos do sistema. A manutenção de equipes especializadas e o funcionamento em rede são considerados mais viáveis do que estruturas isoladas e com baixa resolutividade.

A proposta inclui melhorias na infraestrutura, contratos com municípios, qualificação das equipes e reorganização da regulação estadual. O objetivo é permitir que o paciente seja direcionado de forma mais eficiente ao nível de atendimento necessário, conforme o quadro clínico.

Cooperação com Paraguai mira integração de dados e recursos

Além da reorganização interna, o Estado de MS firmou acordo de cooperação com o Paraguai para mapear os serviços de saúde na faixa de fronteira. A iniciativa foi apresentada no Encontro de Cooperação Interfederativa em Saúde Brasil–Paraguai, realizado nos dias 28 e 29 de abril, em Ponta Porã.

O levantamento vai envolver cidades brasileiras e paraguaias, como Pedro Juan Caballero, Mundo Novo, Foz do Iguaçu (PR) e Ciudad del Este (PY). A meta é identificar recursos disponíveis, número de leitos, equipes médicas e áreas com deficiência de atendimento.

O trabalho deve começar em até 30 dias e vai servir como base para futuros investimentos e políticas públicas voltadas à população fronteiriça, que frequentemente cruza os limites nacionais em busca de atendimento médico.

*Com informações do Governo de MS