
De quarta a sexta-feira, Campo Grande recebe o 9º Congresso do Centro-Oeste sobre Doenças Infecciosas Emergentes, Reemergentes e Negligenciadas (DIERN). O evento, sediado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), reúne especialistas brasileiros e estrangeiros para discutir desde arboviroses, como a dengue, até a resistência antimicrobiana, considerada uma das maiores ameaças globais à saúde.
Segundo a professora da UFMS e pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz em Mato Grosso do Sul, Sandra Leone, durante entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, o encontro está com todas as vagas preenchidas e inclui minicursos, palestras e debates. A proposta é aproximar a produção científica da formação de novos pesquisadores.
“A gente vai ter debates com especialistas nacionais e internacionais para disseminar a importância de controlar, prevenir e combater doenças como HIV, tuberculose, hanseníase e até enfermidades relacionadas ao trabalho rural, como a paracoccidioidomicose. Também serão discutidas questões ligadas a vírus, bactérias e fungos, além da segurança das vacinas”, destacou Leone.
Resistência antimicrobiana em foco
Entre os principais eixos de discussão está a resistência aos antimicrobianos. O uso indiscriminado de antibióticos ainda é uma prática comum, mesmo com maior controle nas farmácias.
Esse hábito contribui para a perda de eficácia das drogas e o aumento das chamadas infecções hospitalares.
“Um dos principais elementos é o uso indiscriminado de antibióticos. O uso repetido de várias substâncias faz com que os antimicrobianos fiquem resistentes às novas bactérias. Por isso, pesquisadores estudam novos medicamentos que possam reduzir a mortalidade, especialmente em casos de internações hospitalares”, explicou Leone.
Ciência, mídia e formação de novos pesquisadores
O evento também terá espaço para discutir a relação entre jornalismo e saúde. Para a professora, é fundamental que a produção científica seja traduzida em informação clara para a sociedade.
“Sem o jornalista, a gente não consegue fazer essa tradução do conhecimento. A ideia é trabalhar o letramento em saúde e o letramento digital, para que o que é produzido nas universidades e centros de pesquisa chegue de forma compreensível à população”, afirmou.
Leone ressaltou ainda a importância do congresso como ambiente de formação: jovens pesquisadores de diferentes instituições estarão envolvidos para debater soluções e gerar novos conhecimentos em saúde pública.
“Vacinas salvam vidas”
Ao final, a pesquisadora deixou uma mensagem de valorização da ciência.
“Tudo o que a gente faz tem ciência. Precisamos valorizar, acreditar na ciência e utilizar os seus melhores recursos para ter qualidade de vida melhor. A principal mensagem é que vacinas salvam. Esse avanço foi construído a muitas mãos por estudantes, professores e pesquisadores que trabalham para contribuir com a vida de todos”, destacou Sandra Leone.
Confira a entrevista na íntegra: