O tráfico de drogas por meio dos Correios tem chamado atenção da Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar) em Campo Grande. Segundo o titular da especializada, delegado Hoffman D’Ávila, a prática tem se tornado cada vez mais frequente, com criminosos utilizando nomes falsos e documentos adulterados para despachar entorpecentes para outros estados, como São Paulo.
O método, embora não seja novidade, apresenta crescimento, segundo o delegado. Uma das apreensões mais recentes resultou na interceptação de 100 quilos de maconha, enviados em caixas que simulavam componentes eletrônicos. O material havia sido postado na Capital e seria destinado a cidades paulistas.
“Antes, esse tipo de envio era mais comum em regiões de difícil acesso, mas agora está presente também em áreas urbanas. É uma prática costumeira, infelizmente, mas temos intensificado o trabalho em conjunto com o setor de inteligência dos Correios para antecipar os passos dessa empreitada criminosa”, afirmou.
Além das apreensões de maconha, a Denar também registrou a chegada à Capital de substâncias mais sofisticadas, como o “dry” — também conhecido como ice —, variante sintética do haxixe, com alto teor de THC. O quilo da droga chega a valer R$ 18 mil em São Paulo.
O delegado explicou que o chamado “tráfico de playboy” costuma envolver drogas mais caras, geralmente consumidas por usuários com maior poder aquisitivo. “É uma droga pastosa, fácil de esconder, e que circula com valor muito elevado. Mesmo assim, não é restrita a esse perfil; o tráfico pelos Correios é praticado por criminosos de todos os tipos”, observou.
Ainda de acordo com Hoffman, a Denar tem fortalecido parcerias com transportadoras e investido em inteligência para rastrear tanto o remetente quanto o destinatário dessas encomendas.
“Estamos conversando com os Correios para dificultar ainda mais o envio, exigindo mais dados no momento da postagem”, disse.
Em balanço do primeiro semestre, a Denar contabilizou a apreensão de mais de duas toneladas de maconha e quase meia tonelada de cocaína em todo o Estado. Foram presos 53 suspeitos em flagrante, com um prejuízo estimado de R$ 12 milhões para o crime organizado.