Nessa quarta-feira (18), a CPI do Transporte Coletivo de Campo Grande ouviu o diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira, que está no comando da empresa desde janeiro deste ano. Ele responsabilizou a Prefeitura pela falta de repasses de quase R$ 380 milhões, verba necessária à renovação da frota.
Segundo Themis, sem novo contrato e aporte público, a substituição de 200 ônibus, que exige R$ 170 milhões, torna-se inviável. Atualmente a frota de ônibus na Capital é de 460 veículos.
“Qualquer banco que olhe o nosso balanço vai ver que eu teria problemas para pagar isso sem os aportes que a prefeitura tem que fazer”, afirmou o diretor-presidente.
Themis destacou que a demanda de usuários do serviço, projetada em 2012 (85 milhões de passageiros), caiu para 40 milhões em 2024. Além disso, ele apontou que a pandemia agravou a queda de usuários, o que piorou o equilíbrio financeiro do sistema.
Infraestrutura e mobilidade
Em depoimento aos vereadores, o diretor-presidente do Consórcio Guaicurus afirmou que ônibus novos não resolvem o problema sem que haja corredores exclusivos e monitoramento por câmeras.
“Não conheço outras cidades com mais de 250 mil habitantes que não tenham vias monitoradas para o coletivo. Aqui não tem”, criticou.
Themis também mencionou estratégias para tornar o serviço mais atrativo, como ar-condicionado e wi-fi nos veículos.
Por outro lado, ele reafirmou que o fator decisivo continua sendo a tarifa: “Se a tarifa for compatível, o serviço melhora”. Entretanto, na opinião do executivo, só um novo contrato e apoio institucional poderão viabilizar a mudança estrutural esperada.
Otimista sobre diálogo, Themis defendeu a criação de um “pacto” envolvendo Câmara, Ministério Público e Judiciário para reequilibrar o contrato e viabilizar aportes.
Os vereadores cobraram explicações sobre linhas suspensas nos finais de semana, veículos parados por avarias e prazos considerados “inviáveis” para troca de parte da frota. Sugeriram vans em rotas deficitárias, mas Themis descartou a medida, citando falhas em outras cidades.
Questionado sobre despesas administrativas que saltaram de R$ 86 mil para R$ 11 milhões, em nove anos, o diretor afirmou desconhecer detalhes e prometeu enviar balanços à comissão.
Havia a expectativa da realização de oitiva do sócio-proprietário do Consórcio Guaicurus, Paulo Constantino. Todavia, ele apresentou atestado médico e não compareceu à Casa de Leis.
Próximos passos da CPI
Na próxima semana, a CPI realizará uma Audiência Pública com usuários no dia 25 de junho, às 13h, na Câmara Municipal, para coletar relatos e sugestões antes da confecção do relatório final.