Um cenário de medo e incertezas com o que pode vir atrás de uma notícia publicada, ou ao lado de uma informação recebida em forma de denúncia envolvendo autoridades. O certo é que trabalhar na imprensa entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero virou uma profissão de altíssimo risco.
No passado, as “lideranças” do submundo do crime respeitavam o trabalho jornalístico e sobretudo, os profissionais da imprensa. E mantinha-se uma relação equidistante. Poucos profissionais arriscavam entrar na seara do submundo, convivendo mais proximamente das ações e conhecendo detalhes do cotidiano.
Em três anos, três profissionais da imprensa foram “abatidos” na fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. Um detalhe chama a atenção: as três vítimas foram mortos com tiros na cabeça.
Na noite do dia 12 de fevereiro de 2020 o repórter-fotográfico Léo Veras foi assassinado com vários disparos de arma de fogo de grosso calibre. Ele jantava com a esposa, filhos e familiares quando pistoleiros invadiram a casa e acabaram com a vida de Léo Veras sumariamente. Léo era um dos profissionais que mantinha relação profissional de alto risco, sempre denunciando a relação entre policiais corruptos e lideranças do submundo do crime.
Já em 06 setembro de 2022, Humberto Coronel foi “abatido” quando saía da emissora de rádio onde havia acabado de apresentar programa. Humberto foi morto na calçada da rádio Amambay AM 570 quando ia em direção ao carro. Caiu abatido também com vários disparos, inclusive na cabeça.
O ciclo de violência contra profissionais da imprensa nos últimos três anos teve continuidade nesta terça-feira, 14. Alexander Álvarez Grance foi mais uma vítima da pistolagem.
Foi “abatido” com tiros na cabeça dentro do seu carro. Havia acabado de sair da emissora de rádio FM Urundey, onde trabalhava como produtor de programa jornalístico e apresentador de programa de entretenimento.
Léo Veras e Humberto Coronel cobriam a área policial. Léo dos dois lados da fronteira, enquanto Coronel no lado paraguaio. Já Alexander Álvarez não atuava na cobertura policial.
Muito provavelmente a execução de Alexander seguirá a mesma linha de Léo e Humberto, ou seja, cairá no esquecimento e ficará apenas na história da imprensa fronteiriça como mais um crime de pistolagem na lista das dezenas já produzidas na fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. Um cenário de medo ronda constantemente os profissionais de imprensa, indistintamente.