As escolas estaduais de Mato Grosso do Sul vêm adotando novas metodologias de ensino que combinam tecnologia, sustentabilidade e aprendizado prático. Projetos de robótica, hortas escolares e aulas em tempo integral têm transformado a rotina dos estudantes e ampliado o interesse pela educação pública.
Na Escola Estadual Sebastião Santana de Oliveira, no bairro José Abrão, em Campo Grande, 250 alunos estudam em período integral e participam de atividades que vão além das disciplinas tradicionais.
Entre elas, estão as aulas de robótica e visitas à zona rural, onde parte dos estudantes mora. O objetivo é aproximar a vivência do campo e da cidade e promover a troca de experiências entre os alunos.
Integração entre campo e cidade
Segundo o diretor Domingos Nogueira, cerca de 40% dos alunos são filhos de trabalhadores rurais. Por isso, a escola realiza, a cada semestre, um dia de incursão na área rural.
A proposta, além de integrar os estudantes, se conecta à política de aquisição de alimentos da agricultura familiar, usados na merenda escolar.
A unidade passou por reforma completa, que incluiu climatização e ampliação dos espaços. O novo ambiente, segundo o diretor, trouxe melhora na disciplina e na aprendizagem.
A aluna Mariana Ramos, de 17 anos, destaca que a horta da escola se tornou parte essencial das aulas práticas. “Um dos pontos positivos da reforma foi a melhoria da horta da escola, que é usada para a aula de agroecologia. Então foi muito bom para todos”, contou.
Robótica desperta interesse dos alunos
O uso de tecnologia educacional também ganhou força. O professor de Física Leonardo da Costa incorporou a robótica ao conteúdo da disciplina. “Quando tem estímulo, os alunos demonstram mais interesse. O trabalho inclui experiências, inclusive na sala de tecnologia e isso gera um interesse maior do que as aulas tradicionais”, explicou.
Durante as aulas, os estudantes trabalham com montagem de robôs e jogos educativos, unindo lógica, física e matemática. A prática tem contribuído para o engajamento e para o aprendizado em áreas que antes despertavam menos interesse entre os alunos.
Lousas digitais e horta conectam teoria e prática
Na Escola Estadual Lúcia Martins Coelho, na região central da Capital, todas as salas contam com lousas digitais. A professora de espanhol Ruth Bobadilha afirma que o recurso facilita a preparação e a execução das aulas.
“É possível projetar textos, vídeos e músicas, o que torna as aulas mais dinâmicas e interativas”, disse.
Além da tecnologia, a unidade mantém o projeto “Clube da Horta”, que envolve alunos e professores no cultivo de frutas e hortaliças usadas na alimentação escolar. O espaço também serve como laboratório para aulas de ciências e matemática.
“Os estudantes acompanham o plantio e a colheita, desenvolvendo senso de responsabilidade”, destacou o diretor Márcio Cossato.
A professora de matemática Vanessa Lanzoni, responsável pelo projeto, complementa que o contato com a terra tem impacto direto no comportamento dos alunos. “Muitos começaram a plantar em casa depois de participarem da horta da escola”, afirmou.
Ensino integral e cursos profissionalizantes
Atualmente, a Rede Estadual de Ensino (REE) possui 348 escolas, sendo 75 em Campo Grande e 273 no interior, atendendo mais de 190 mil estudantes. Desse total, 39 mil estão matriculados em tempo integral, distribuídos em 213 unidades — o equivalente a 62% da rede estadual.
Além das disciplinas regulares, a REE oferece 68 cursos técnicos e profissionalizantes em parceria com instituições como o Senai, ampliando as oportunidades de formação de jovens em todo o Estado.
Um exemplo recente é o programa Voucher Desenvolvedor 2024, que reservou 400 das 540 vagas disponíveis para alunos do 2º e 3º ano do Ensino Médio, voltadas à capacitação na área de tecnologia e inovação.
*Com informações do Governo de MS