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LITERATURA

Escritora revive memórias da avó em livro infantil inspirado na tradição oral pantaneira

Cristiane de Oliveira Silva, no estúdio da rádio Massa Campo Grande (Foto: Rodrigo Moreira/ Massa CG)
Cristiane de Oliveira Silva, no estúdio da rádio Massa Campo Grande (Foto: Rodrigo Moreira/ Massa CG)

Em meio aos estandes coloridos da Bienal do Livro, o sotaque pantaneiro ecoa em forma de memória. A escritora Cristiane de Oliveira Silva apresenta o livro As Histórias da Vovó Léla, uma homenagem afetiva à avó que lhe apresentou, ainda na infância, o poder encantador das narrativas orais.

“Essas histórias representam saudade”, conta Cristiane. “São lembranças de momentos que vivi com minha avó e que não voltam mais. Escrever foi uma forma de reviver esse carinho e eternizar o que antes era só falado”.

A obra, lançada dentro do Projeto Leia MS, reúne 20 contos inspirados na tradição oral pantaneira, muitos deles conhecidos apenas em rodas de conversa e varandas de fazenda. Entre os destaques, estão narrativas de bruxas pantaneiras e lendas pouco registradas, que a autora decidiu colocar no papel para não deixar que o tempo as levasse.

Pedagoga por formação, Cristiane explica que a motivação para escrever veio também da falta de representatividade da literatura local nas escolas. “Senti falta dessa literatura. Cadê as histórias sul-mato-grossenses? Onde estão as narrativas pantaneiras? Foi esse o ponto de partida da minha pesquisa e da escrita”, relata.

Ela lembra que, na infância, os livros eram raros, mas a imaginação era farta. “Livro não era para qualquer pessoa. A gente era muito pobre. Tudo que eu conheço de literatura, de folclore, aprendi ouvindo minha avó”, diz.

A obra está na 1ª Bienal do Pantanal, evento que transforma Campo Grande em ponto de encontro entre autores, leitores e educadores. A iniciativa reforça o incentivo à leitura e valoriza a identidade cultural da região.

Com a chegada do Dia das Crianças, Cristiane deixa um convite: que famílias redescubram o hábito de contar histórias — e que cada leitura seja, como as lembranças da Vovó Léla, um gesto de amor que atravessa gerações.

Acompanhe a entrevista completa: