
O setor leiteiro de Mato Grosso do Sul volta a ganhar destaque com a realização do Tec-Leite 2025, evento promovido pela Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), em parceria com a Embrapa Gado de Leite, que acontece nesta quinta-feira (30), em Glória de Dourados. Voltado especialmente a pequenos e médios produtores, o encontro deve reunir participantes de mais de dez municípios da região sul do Estado — entre eles Maracaju, Itaporã, Dourados, Rio Brilhante e Ponta Porã.

Gratuito e aberto ao público, o evento tem como objetivo difundir novas tecnologias de produção e gestão capazes de reduzir custos e tornar a atividade mais sustentável.
“O Tec-Leite é o maior evento da pecuária leiteira de Mato Grosso do Sul. É onde conseguimos levar ao produtor novas tecnologias e oportunidades para melhorar a produção e baixar custos”, explica Atílio Pioli, coordenador regional da Agraer em Dourados.
Gestão, custo e sustentabilidade no centro do debate
Segundo Pioli, o maior desafio enfrentado hoje pelos produtores está na gestão da atividade e no controle dos custos de produção. “A pecuária leiteira, principalmente a familiar, precisa se organizar melhor. O produtor precisa entender onde gasta mais e como pode aproveitar melhor os recursos que tem”, afirma.
Durante o evento, serão apresentadas soluções sustentáveis, como o uso de subprodutos do agronegócio e a integração lavoura-pecuária, técnica que aproveita áreas agrícolas para a formação e renovação de pastagens. A Embrapa participará das demonstrações, mostrando como a prática pode garantir alimento para o rebanho durante o período de seca, reduzindo a dependência de insumos externos.
Uma das apostas discutidas no Tec-Leite é o uso do DDG — subproduto do milho proveniente da indústria de etanol — como alternativa para a nutrição animal de baixo custo. “Hoje temos empresas como a Empasa e a Neomilli produzindo DDG no Estado, o que facilita o acesso dos produtores e ajuda a baratear a ração”, explica Pioli.
O evento também vai abordar o processamento artesanal do leite, como a produção de queijos e iogurtes, uma estratégia para agregar valor à produção e reduzir a dependência das indústrias.
“Quando o produtor processa o leite, ele sai da condição de commodity, que sofre com variações de preço, e passa a ter um produto com valor agregado, que fortalece a economia local”, destaca.
Com desafios que vão desde o preço pago ao produtor até o fechamento de laticínios, Pioli defende o cooperativismo como alternativa para fortalecer o setor. “A organização em associações e cooperativas ajuda a reduzir a dependência das indústrias e melhora o poder de negociação dos produtores”, diz.
Ele também cita o ProLeite, programa do Governo de Mato Grosso do Sul que incentiva a atividade com doação de bezerras e sêmen melhorado. O objetivo é recompor e modernizar a cadeia produtiva do leite, especialmente entre os pequenos.
Depois de um período de retração, o setor leiteiro dá sinais de recuperação. “Estamos vendo um retorno gradual dos investimentos na pecuária de leite. Houve uma redução no número de produtores, mas agora há um movimento de volta à atividade, com foco em qualidade e sustentabilidade”, avalia Pioli.
O Tec-Leite deve reunir centenas de participantes e se consolidar como um espaço de troca de conhecimento e incentivo à inovação para quem vive do leite e quer continuar produzindo com eficiência.