O debate sobre a adultização de crianças ganhou destaque nas últimas semanas após viralizar nas redes sociais. A exposição precoce de menores em ambientes digitais levou, inclusive, à aprovação de um projeto de lei na Câmara Federal para reforçar a proteção contra crimes nesse meio.
Em entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, a psicóloga clínica Suellen Santos, especialista em terapia cognitivo-comportamental, explicou que o fenômeno não é recente e já tem causado impactos sérios no desenvolvimento infantil.
“As crianças e adolescentes chegam aos consultórios com consequências dessas violações de direitos, especialmente ligadas à exploração, abusos e responsabilidades que não condizem com a idade. Isso já é adultização”, afirmou.
O que caracteriza a adultização
Segundo Suellen, a prática ocorre quando crianças passam a ser tratadas ou expostas como se fossem adultas, seja por meio de roupas e comportamentos sexualizados ou pela cobrança de responsabilidades emocionais e sociais para as quais não estão preparadas.
“É um afastamento da criança da própria infância. Ela começa a se comportar como adulto sem ter repertório emocional e cognitivo para isso”, explicou.
A especialista ressalta que a influência do ambiente familiar e da internet é decisiva. “Muitas vezes, os próprios pais expõem os filhos nas redes sociais, e a criança acaba imitando comportamentos adultos. Isso a deixa mais vulnerável a abusos e exploração sexual”, alertou.
Consequências psicológicas
Os efeitos da adultização, de acordo com a psicóloga, podem ser graves e de longo prazo. Entre eles estão ansiedade, depressão, estresse pós-traumático, transtornos de identidade e até transtornos de personalidade, como o borderline.
“A criança passa a não se reconhecer, porque é antecipada e exposta a um mundo que não é dela”, disse.
Sinais de alerta
Para os pais, alguns comportamentos podem indicar risco de adultização, como isolamento, afastamento da família, uso precoce de maquiagem, roupas sexualizadas e reprodução de condutas que não condizem com a idade.
“Isso vale tanto para meninas quanto para meninos. Eles também são pressionados a assumir uma masculinidade tóxica e a se comportar como adultos”, explicou.
Prevenção e orientação
Ao final, Suellen defendeu a proximidade entre pais e filhos como medida fundamental de proteção. “É preciso conversar mais, criar tempo de qualidade e, em alguns casos, até proibir o uso de celular. Crianças e adolescentes não têm repertório para lidar com a internet sem supervisão”, afirmou.
Confira a entrevista na íntegra:
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