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Internações por fimose mais que dobram em adolescentes de MS na última década

Dados do SUS mostram aumento de 151% nas internações de meninos de 10 a 14 anos e de 100% entre 15 e 19 anos em Mato Grosso do Sul

Presença da fimose impede a limpeza adequada e aumenta risco de câncer de pênis - Alex Green/Pexels
Presença da fimose impede a limpeza adequada e aumenta risco de câncer de pênis - Alex Green/Pexels

Mato Grosso do Sul registrou aumento de 151% nas internações por fimose em meninos de 10 a 14 anos na última década, segundo dados do SUS analisados pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

O número de adolescentes internados nessa faixa etária saltou de 91 em 2015 para 229 em 2024. Entre 15 e 19 anos, os casos dobraram no mesmo período, passando de 31 para 62 internações — crescimento de 100%.

O levantamento aponta que o estado segue a tendência nacional, mas em ritmo mais acelerado. No Brasil, as internações por fimose, parafimose e prepúcio redundante subiram 81,5% na faixa etária de 10 a 19 anos entre 2015 e 2024.

Para especialistas, o aumento revela diagnóstico tardio. “A fimose deve ser diagnosticada e tratada na infância, evitando complicações inerentes à puberdade e uma recuperação mais difícil”, afirma o diretor da Escola Superior de Urologia da SBU, Dr. Roni de Carvalho Fernandes.

Diagnóstico deve ocorrer na infância

Segundo a SBU, a fimose é geralmente identificada nos primeiros anos de vida e pode se resolver sozinha até os 3 anos. Após essa idade, o ideal é realizar tratamento entre os 3 e 9 anos, antes da puberdade.

Quando postergado para a adolescência, o procedimento cirúrgico traz recuperação mais lenta, risco de abertura dos pontos e desconforto nas ereções espontâneas.

Riscos do diagnóstico tardio

A fimose não tratada pode causar infecções urinárias, inflamações na glande e no prepúcio, dor durante ereções e maior risco de infecções sexualmente transmissíveis, incluindo HPV — fator de risco para câncer de pênis.

Em casos graves, pode evoluir para parafimose, urgência médica que compromete a circulação do pênis.

O tratamento pode incluir pomadas com corticoides ou cirurgia de postectomia (circuncisão). Realizada ainda na infância, a cirurgia tem recuperação mais rápida e menos complicações pós-operatórias.

Mato Grosso do Sul no radar

Nos últimos dez anos, Mato Grosso do Sul acumulou 981 internações entre meninos de 10 a 14 anos e 389 entre adolescentes de 15 a 19 anos. Após queda durante a pandemia, os números voltaram a subir nos últimos três anos.

A SBU destaca que, assim como as meninas iniciam o acompanhamento ginecológico na adolescência, os meninos também precisam ser avaliados por especialistas para tratar precocemente alterações e receber orientação sobre saúde sexual, vacinação, prevenção de ISTs e diagnóstico precoce de doenças como varicocele e tumores testiculares.