Campo Grande recebeu, nesta terça-feira (14), a instalação do Banco Vermelho no Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul (MPT/MS), em ato de memória a Vanessa Ricarte, jornalista assassinada em fevereiro. A iniciativa integra a campanha #JustiçaPorVanessa, que busca não só homenagear vítimas de feminicídio, mas amplificar a necessidade de ações efetivas de prevenção e proteção às mulheres.
De 2015 a 2025, Mato Grosso do Sul contabilizou 362 feminicídios, segundo dados do monitor do Tribunal de Justiça em parceria com a Sejusp. Em 2025, já são 30 mulheres assassinadas em crimes de gênero no estado. A maioria desses casos ocorre dentro de casa, praticada por companheiros, ex-parceiros ou familiares próximos.
O último caso registrado ocorreu no município de Bandeirantes, no domingo (12): Andreia Ferreira, 40 anos, foi morta a tiros pelo marido, que fugiu após o crime. Já havia denúncias anteriores de violência doméstica feitas por Andreia em 2023 e 2024.
Durante o ato, Walker Diógenes, irmão de Vanessa Ricarte, destacou que são necessárias punições mais severas para crimes de gênero:
“É um vazio que fica — uma irmã, uma filha, uma colega perdida. Em nome da Vanessa e de todas as mulheres vítimas de feminicídio, faço um apelo por leis mais rigorosas e por mais amparo às mulheres em situação de violência.”
A procuradora-chefe do MPT/MS, Cândice Gabriela Arosio, ressaltou que o Banco Vermelho simboliza “o sangue das vítimas e a necessidade de reconhecer nosso papel como cidadãos nessa luta”.
O Banco Vermelho é símbolo internacional de combate à violência contra a mulher. A iniciativa percorrerá diversos órgãos e instituições públicas de Campo Grande. O MPT foi a primeira delas por ser o local onde Vanessa trabalhava.
O caso de Andreia relembra lacunas já evidenciadas no assassinato de Vanessa: denúncias já realizadas, mas sem respostas suficientes para evitar o agravamento da violência.
Especialistas e autoridades presentes no evento defenderam maior integração entre órgãos, celeridade no atendimento e fiscalização contínua para garantir que medidas protetivas sejam mais do que documentos — sejam instrumentos eficazes para salvar vidas.