Diante do avanço do sarampo na Bolívia, país vizinho que enfrenta um surto da doença, o Ministério da Saúde promoveu nesta quinta-feira (24), em Campo Grande, uma capacitação voltada a profissionais da rede pública de saúde. A iniciativa, realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), é parte de um conjunto de ações preventivas voltadas a municípios de fronteira, considerados estratégicos para conter a reintrodução do vírus no Brasil.
O surto boliviano preocupa autoridades sanitárias brasileiras especialmente pela proximidade com o Mato Grosso do Sul. Embora o Brasil tenha reconquistado, em 2024, o título de país livre de sarampo — conferido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) —, o risco de reintrodução do vírus é constante, principalmente em regiões com baixa cobertura vacinal.
Durante o evento, a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite de Melo, reforçou a importância da vigilância constante. “Os primeiros estão passando por isso, principalmente aqui na nossa fronteira. Não poderemos jamais baixar a guarda. São doenças causadas principalmente por vírus […] a raça humana pode acabar, mas eu tenho certeza de que os vírus continuarão lá, como inertes que atingem, esperando algum momento para conseguir o hospedeiro e se manifestar”, afirmou.
O diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunização (DPNI), Eder Gatti, destacou que o país já soma sete casos confirmados da doença neste ano, mas que o cenário atual é de prevenção e não de crise.
“O Mato Grosso do Sul não passa por nenhuma crise de sarampo. O que nós estamos vivendo agora é um momento de sensibilização da vigilância e ampliação das coberturas vacinais. Ou seja, estamos andando na frente do sarampo” — Diretor do DPNI, Eder Gatti.
Gatti também alertou para a importância de toda a rede estar preparada para identificar e conter possíveis casos. “Casos vão acontecer, não tem como escapar, e não é motivo de desespero, mas sim de ação rápida e oportuna”, pontuou. Ele ainda reforçou que a responsabilidade pelo controle da doença é compartilhada. “O sarampo não é do município, não é do estado, não é do ministério. É de todos nós.”
A agenda do Ministério da Saúde no estado continua nesta sexta-feira (25) com um seminário técnico, em Corumbá. No sábado (26), será realizado o “Dia D” de vacinação contra o sarampo, com mobilização especial para ampliar a cobertura vacinal no município fronteiriço.
Entre as estratégias para impedir a propagação da doença está a aplicação da chamada “dose zero”, uma dose adicional da vacina tríplice viral destinada a crianças de 6 meses a menores de 1 ano que vivem em áreas com risco elevado de transmissão. Essa dose não substitui o esquema regular, que prevê outras duas aplicações — aos 12 e 15 meses de idade.
Entenda o sarampo
Altamente contagioso, o sarampo é uma doença infecciosa aguda causada por vírus e transmitida por via respiratória. Os sintomas incluem febre alta, tosse, irritação nos olhos e manchas vermelhas na pele. A infecção pode evoluir com complicações graves, principalmente em crianças e pessoas imunossuprimidas.
A vacinação é a principal forma de prevenção. Manter altas coberturas vacinais em todo o país é essencial para impedir que o vírus volte a circular de forma sustentada no Brasil.