Mato Grosso do Sul está entre os estados com maiores taxas de violência contra pessoas com deficiência no país. Os dados, extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), e publicados no Atlas da Violência de 2025, revelam que pessoas com deficiência intelectual são as principais vítimas — especialmente mulheres.
A maioria das ocorrências envolve violência física e sexual, muitas vezes praticada dentro do próprio lar. Em mais da metade dos registros, o agressor é um familiar ou cuidador próximo. O ambiente doméstico, que deveria representar segurança, se tornou o principal cenário da violência. Entre pessoas com transtornos mentais, 54% das agressões também ocorreram em casa.
Outro dado preocupante é a prevalência da violência sexual entre meninas e adolescentes com deficiência intelectual. Em algumas faixas etárias, esse tipo de abuso supera os casos de agressão física, revelando a vulnerabilidade desse grupo já marcado por múltiplas formas de exclusão.
Apesar da existência de programas como o “Novo Viver sem Limite”, voltado à proteção de pessoas com deficiência, a ausência de dados consolidados e a falta de serviços especializados dificultam a eficácia das políticas públicas.
A combinação de negligência, invisibilidade e reincidência exige respostas mais rápidas e coordenadas, principalmente em estados como o Mato Grosso do Sul, onde os indicadores já estão acima da média nacional.