Veículos de Comunicação

CAUTELA

Setor agro questiona Plano Safra 2025/26 por perdas reais e crédito mais caro

Produtores destacam que aumento anunciado não cobre a inflação e cobram mais políticas efetivas de apoio no campo

Plano Safra 2025/26 foi lançado nesta terça-feira (1) - Foto: Reprodução
Plano Safra 2025/26 foi lançado nesta terça-feira (1) - Foto: Reprodução

Apesar do volume recorde anunciado de R$ 594,4 bilhões para o Plano Safra 2025/2026, o setor agropecuário avalia com cautela o impacto real do programa. De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), a perda de poder de compra dos produtores rurais frente à inflação e ao aumento das taxas de juros preocupa especialmente num cenário de custos de produção elevados.

Do total anunciado, R$ 78,2 bilhões são destinados à agricultura familiar e R$ 516,2 bilhões à agricultura empresarial. Os valores representam aumento nominal de 2,89% e 1,49%, respectivamente, em comparação com o ciclo anterior. No entanto, o reajuste não acompanha a inflação acumulada de 4,73% em 2024, o que na prática reduz a capacidade de financiamento dos produtores.

Segundo cálculos da entidade, seriam necessários ao menos R$ 79,59 bilhões para manter o poder de compra da agricultura familiar e R$ 532,65 bilhões para a agricultura empresarial. A diferença entre os valores anunciados e os ajustados pela inflação representa uma defasagem relevante no momento em que os custos de produção seguem em alta.

Outro ponto levantado pela Famasul é o aumento das taxas de juros nas linhas de crédito, que subiram em média dois pontos percentuais em relação ao ciclo passado. O encarecimento do crédito preocupa, principalmente para médios e pequenos produtores, que dependem diretamente dos financiamentos para custeio e investimento.

O setor também chamou atenção para a ausência da previsão de recursos para o Programa de Seguro Rural (PSR), fundamental para garantir estabilidade diante de perdas climáticas. A falta de transparência sobre o montante destinado ao seguro ocorre após o governo ter promovido um corte significativo nos valores ainda disponíveis do ciclo anterior.

Para a Famasul, o Plano Safra apresenta um avanço apenas aparente, ao não garantir uma estrutura mais segura de financiamento no campo. A entidade defende a ampliação de políticas públicas que cheguem na ponta, com foco em crédito acessível, gestão de riscos e sustentabilidade da produção.